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Em Santa Catarina

Professor indígena é morto a pauladas

Agência Estado
04 jan 2018 às 16:51
- Reprodução//Facebook
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O índio Marcondes Namblá Xokleng, de 38 anos, da etnia Laklãno-Xokleng, foi agredido a pauladas até a morte, na madrugada do último dia 1º, no balneário de Penha, litoral de Santa Catarina.

O indígena, que era professor formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), chegou a ser levado para um hospital, mas não resistiu. Uma câmera de monitoramento filmou a agressão, praticada por um homem que estava acompanhado por um cachorro. A Polícia Civil investiga a hipótese de crime motivado por ódio racial.

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A Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) acompanham as investigações. Para o Cimi, o crime tem relação com intolerância étnica.

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Namblá fazia parte de um grupo de doze índios da aldeia localizada na Terra Indígena Laklãno, no município de José Boiteux, que tinha ido até o litoral para vender sorvetes.

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As imagens da câmera mostram o momento em que ele é abordado pelo homem portando um pedaço de madeira. Eles conversam rapidamente e, sem esboçar qualquer reação, o índio recebe um golpe na cabeça. Ele se curva e volta a ser golpeado. Os golpes continuam mesmo com Marcondes caído ao chão. Em seguida, o homem se afasta, mas ao perceber que o índio está vivo e tenta se levantar, ele volta até o local e o golpeia novamente.


Pedestres encontraram o índio caído, por volta das 5 horas. Ele tinha um sangramento na cabeça e foi atendido pelo serviço de resgate do Corpo de Bombeiros. Levado a uma unidade de pronto-atendimento, em razão do estado grave, o indígena foi encaminhado para o Hospital Marieta Konder Bornhausen, em Itajaí. Ele morreu às 20 horas de terça-feira,2.

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O delegado Douglas Teixeira Barroco, da Polícia Civil de Piçarras, que investiga o caso, disse ter ficado chocado ao ver as imagens da câmera. "Ele foi massacrado sem piedade. Já temos a identidade do possível agressor e esperamos encerrar a investigação a qualquer momento, inclusive para saber o motivo de um crime tão brutal", disse.


Casado e pai de cinco filhos, Marcondes ensinava a língua indígena em sua aldeia, uma das oito da terra indígena. Ele era formado em Licenciatura Intercultural Indígena da Mata Atlântica e estava inscrito para fazer doutorado.

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De acordo com uma parceira de trabalho, Janaina Hubner, o colega era evangélico e não bebia. Eles tinham vendido sorvetes durante o dia todo e, durante a noite, Marcondes saiu sozinho para ver a queima de fogos na orla, mas não retornou. No dia seguinte, os colegas descobriram que ele estava no hospital.


O grupo, que tinha alugado uma casa no balneário, pretendia ficar no litoral até o dia 10 para complementar a renda com a venda de sorvetes. O agente da Funai em José Boiteux, Jairo Pinto de Almeida, esteve na delegacia para acompanhar a investigação e informou que a Procuradoria Federal Especializada já recebeu todas as informações sobre o caso.

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Intolerância



Em nota, o Cimi Regional Sul manifestou indignação com o assassinato do professor Marcondes e pediu agilidade nas investigações. "O Cimi Sul vem alertando, ao longo dos últimos anos, sobre a onda de intolerância contra indígenas no litoral de Santa Catarina, especialmente manifestada por autoridades municipais que não aceitam o fato de os indígenas frequentarem as praias."

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No verão, segundo o Cimi, os indígenas se dirigem ao litoral para a exposição e comercialização de seus produtos, especialmente o artesanato. "Quando prefeitos, vereadores, secretários municipais e alguns meios de comunicação passam a veicular informação ou proferir discursos contra os indígenas, uma boa parcela da população se sente legitimada a agir contra os indígenas, tentando repeli-los da região", diz a nota.


O Conselho lembra que, em 30 de dezembro de 2016, o menino indígena Vitor Kaingang, então com dois anos de idade, acabou sendo degolado por um desconhecido, enquanto era alimentado pela mãe. "Passados dois anos, a vítima, dessa vez, foi um professor indígena morto a pauladas. No entender do Cimi, há sim uma conexão entre o crime de Imbituba e de Penha porque são consequências do contexto de intolerância étnica e anti-indígena. Cabe ao poder público dar exemplo e tentar, através das redes de justiça e do direito, extirpar essa tendência racista, homofóbica e xenofóbica que avança pelo país, mas especialmente na Região Sul."


A assessoria de imprensa da prefeitura de Penha informou que colabora com a investigação do assassinato do indígena Marcondes Namblá Xokleng e que a possível identificação do autor do crime deve acontecer com rapidez porque o município instalou câmeras de monitoramento para melhorar a segurança, o que possibilitou ter imagens do acontecido. Segundo a assessoria, os grupos indígenas são sempre bem recebidos na cidade, onde parte da população é descendente de açorianos, "com um pé na África".

O município mantém campanhas nas escolas contra a intolerância étnica, que acontece, não apenas em Santa Catarina, mas em todo o Brasil. Segundo a assessoria, a cidade de pouco mais de 30 mil habitantes recebeu 150 mil turistas no fim do ano e há grande possibilidade de que o envolvido no crime não seja morador local.


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