Manifestantes ocupam o prédio histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), na Praça Santos Andrade, em Curitiba, desde a noite de quinta-feira (3). O local, onde funcionam os cursos de Direito e Psicologia, além de laboratórios e duas pró-reitorias, é o símbolo da cidade.
O grupo entrou por volta das 22h30, quando alunos e professores saíam das aulas, e bloqueou o acesso com correntes e cadeados. Houve empurra-empurra e relatos de feridos, mas sem gravidade. Em entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira (4), o reitor da instituição, Zaki Akel Sobrinho, classificou o episódio como "uma mancha na democracia da universidade".
Outras sete unidades da UFPR, sendo seis na capital paranaense e uma no litoral, também seguem tomadas. Os próprios representantes dos alunos, contudo, consideram o movimento no edifício central diferente, uma vez que ele antecedeu a realização de assembleias.
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O Centro Acadêmico Hugo Simas (Cahs), do Direito, deve se reunir na segunda-feira (7), para deliberar sobre a greve estudantil. Dois partidos do curso, o Democrático Universitário (PDU), com inclinação à direita, e o Acadêmico Renovador (PAR), historicamente mais alinhado à esquerda, emitiram notas criticando a forma como se deu a ocupação.
Vídeos postados nas redes sociais mostram vidros sendo quebrados e empurrões entre pessoas favoráveis e contrárias à tomada do prédio. Estudantes e docentes relataram que foram mantidos do lado de dentro por cerca de meia hora, mesmo contra vontade.
Os manifestantes estavam mascarados e empunhavam uma bandeira nas cores vermelha e preta, identificada como sendo de uma organização antifascista. Por meio da página "Ocupa Santos Andrade", contudo, os jovens atribuíram a violência a pessoas de fora.
"Salientamos que a ocupação possui caráter pacífico, mas que algumas pessoas contrárias ao movimento agiram de maneira violenta, agredindo os ocupantes de forma verbal, moral e física ( ) e ainda forçaram as portas da entrada principal do prédio", escreveram. Em nota, o Cahs informou que foi surpreendido pela ocupação. Na tarde de ontem, membros do centro acadêmico se reuniram com os manifestantes, com o objetivo de conseguir uma solução para o impasse. "Houve uma tentativa de negociação, porém, apesar de as/os ocupantes se mostrarem abertos/as ao diálogo, não existe pretensão de desocupar o prédio até o momento", afirmaram.
O reitor também se mostrou surpreendido, "pela violência e pela maneira truculenta como algumas pessoas encapuzadas invadiram o prédio". "As ocupações anteriores eram pacíficas e tinham até o apoio das unidades setoriais, e agora fomos surpreendidos por uma ação que machucou a universidade, machucou o próprio símbolo da democracia, do espaço republicano", comentou. Ele designou uma comissão de negociação e que acredita numa desocupação rápida.
Na primeira reunião, realizada ainda nesta sexta, integrantes da comissão disseram que o clima foi cordial e altamente satisfatório. "A continuidade do processo passa por avaliação das propostas apresentadas como resposta às pautas dos estudantes naquele espaço ocupado", contaram, em nota.
Zaki descartou, a princípio, pedir a reintegração de posse do prédio. "Já marcaram a posição, já teve repercussão até nacional, e agora é hora de recuperarmos o espaço", opinou. Em relação às pautas dos estudantes, o reitor informou que o Conselho Universitário deve se reunir nos próximos dias para debatê-las e, só assim, se posicionar a respeito.
De acordo com ele, a transformação da medida provisória 746 em projeto de lei, como já vem sinalizando o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), seria um avanço. "Isso tranquilizaria a todos, pois a questão seria construída com mais debate, com mais prazo."