Quando o assunto é inovação, pensamos de imediato naquelas mudanças radicais. Se for uma
máquina, por exemplo, já imaginamos aquele computador de última geração que num piscar de
olhos processa as informações. Hoje, porém, venho falar daquela inovação que geralmente a
Leia mais:
Mega-Sena acumulada sorteia R$ 85 milhões neste sábado
Aneel diminui para amarela a bandeira tarifária de energia elétrica em novembro
Mega-Sena acumula e prêmio sobe para R$ 85 milhões
INSS começa a pagar aposentadorias de outubro nesta sexta (25); veja calendário
gente não se lembra, mas faz uma diferença muito grande: a inovação incremental.
Tecnicamente, existem três tipos de inovação: incremental, radical e disruptiva. Esta pode ser
caracterizada como produto ou serviço que ganha mercado por ser mais barato e depois
abocanha fatias maiores do setor, substituindo os concorrentes estabelecidos. Bom exemplo é o
que se tornou o Airbnb que hoje é a maior empresa de hospedagem do mundo sem um único
quarto sequer. Inovação radical é a completa transformação de um produto ou serviço. Veja o
que está acontecendo no setor automotivo com os motores elétricos. Já a incremental, que é meu
foco hoje, é um incremento sutil em relação a um produto ou processo já existente. Para explicar
esse conceito teórico vou me valer do bom exemplo da Cresol.
Neste ano, até o mês passado, a Cresol realizou mais de 71 mil operações com crédito do Banco
Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em um somatório de R$ 4,3
bilhões. Estes números expressivos fizeram da Cresol a instituição financeira que mais operou
créditos com o BNDES no Brasil. A cooperativa de crédito ficou em primeiro em três
categorias: operações para pessoa física, com quase 68 mil contratos aprovados; no ranking para
micro, pequenas e médias empresas, com aproximadamente 72 mil contratos; e ainda nas
operações para programas agrícolas, com quase R$ 3,8 bilhões de movimentação.
A cooperativa de crédito que começou focada no segmento agrícola, inovou e expandiu suas
operações para outros setores antes poucos expressivos em seu portifólio, como no crédito para
pessoa física. Um segmento de mercado outrora altamente dominado por grandes instituições
financeiras, mas que agora tem concorrentes fortíssimos como a Cresol, que não só abocanhou
uma fatia significativa de mercado, como se tornou líder!
Tecnicamente falando, a inovação que era incremental em seu início, quando a Cresol mudou
seus serviços para oferecer algo diferenciado e atender um público diferente, se tornou
disruptiva porque atualmente ela se tornou líder no segmento. Muito se fala atualmente das
startups fintechs como exemplos de inovação radical e disruptiva, mas nenhuma delas se tornou
líder nos segmentos que citei.
O exemplo da Cresol nos mostra muitos aspectos interessantes, mas um chama bastante a
atenção. Para se tornar a maior liderança no Brasil a Cresol não se valeu da compra de
tecnologia de última geração, como ocorre com a grande maioria das empresas. Pelo contrário,
foi o foco nas pessoas e no relacionamento pessoal com o cliente, que garantiu o crescimento
acelerado e constante. Outra inovação que faz toda a diferença ;)
*Lucas V. de Araujo: PhD e pós-doutorando em Comunicação e Inovação (USP). Professor da
Universidade Estadual de Londrina (UEL), parecerista internacional e mentor Founder Institute. Autor de “Inovação em Comunicação no Brasil”, pioneiro na área.