"Como pode um padre, a serviço de Deus e da Igreja, causar tanto mal?" É com este questionamento que o papa Francisco assina o prefácio de um livro sobre abusos sexuais. A obra, escrita pelo suíço Daniel Pittet, que já fora vítima de abusos, foi antecipada pelo jornal "La Repubblica" e divulgada nesta segunda-feira (13).
No prefácio do livro, Francisco diz que a nova obra de Pittet sobre pedofilia na Igreja é "necessária, preciosa e corajosa". "Como um padre, a serviço de Cristo e da sua Igreja, pode causar tanto mal? Como pode ter consagrado sua vida para conduzir as crianças a Deus, mas, em vez disso, devorá-los no que é chamado 'sacrifício diabólico', que destrói tanto a vítima quanto a Igreja?. Algumas vítimas se suicidam. Estas mortes pesam no meu coração, na minha consciência e em toda a Igreja", disse. Francisco ainda entregou aos familiares das vítimas seus "sentimentos de amor" e pediu perdão.
O Vaticano, há anos, recebe milhares de denúncias de crimes de pedofilia em todo o mundo e frequentemente é criticado pela maneira com que gerencia os processos - apenas parte deles chega a algum tipo de punição contra os sacerdotes. Na maioria dos casos, a Santa Sé transfere o sacerdote de diocese e coloca o processo em sigilo.
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Na semana passada, um estudo inédito conduzido por uma comissão na Austrália apontou que 7% dos padres do país já foram acusados de pedofilia desde 1950. Em meados de janeiro, o jornalista italiano Emiliano Fittipaldi, autor de outros livros sobre a Santa Sé, publicou "Luxúria", obra que reúne dados sobre pedofilia na Igreja Católica. Segundo ele, o Vaticano recebeu 1,2 mil denúncias de crimes sexuais nos últimos três anos, o dobro se comparado com o período entre 2005 e 2009.