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Figura abalada

François Hollande, o presidente que queria ser normal

France Presse
14 mai 2017 às 16:27
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François Hollande havia prometido ser um "presidente normal" próximo ao povo. Mas neste domingo saiu do Eliseu como um dos chefes de Estado mais impopulares da França, deixando para trás um cenário político muito complexo.
A isto se soma a humilhação de ter cedido as rédeas do país a um ex-conselheiro de 39 anos, Emmanuel Macron, praticamente novato na política, eleito com a promessa de romper com seus cinco anos no poder.
Incompreendido, criticado inclusive dentro de sua própria maioria, Hollande se impôs como chefe de guerra, encadeando as operações militares no exterior com uma determinação em total contradição com sua imagem em política interna.
Diante de cada novo ataque - os atentados terroristas deixaram 239 mortos na França desde 2015 - adotou com êxito seu papel de pai da nação, consolando um país ferido.
Mas isso não foi suficiente para melhorar sua imagem negativa, agravada ainda mais por um livro de confidências feitas a dois jornalistas publicado em outubro de 2016, e por sua incapacidade em conseguir uma maioria para aplicar seu programa econômico.
Ao fim de seu mandato, a figura presidencial ficou abalada. "É preciso restaurá-la (...) encontrar um presidente que saiba traçar o caminho", resume o ex-ministro das Relações Exteriores, Dominique de Villepin.
Em 2012, Hollande, o primeiro presidente socialista desde François Mitterrand (1981-1995), prometeu ser o oposto do líder em fim de mandato Nicolas Sarkozy. Sua presidência "modesta" devia romper o estilo "extravagante" de seu rival.
- "Muitos sonhos" -No entanto, sua popularidade começou a cair desde seus primeiros meses no poder. As críticas foram muitas: "não sabe tomar uma decisão", "não tem autoridade".
Em 2013, a legalização do casamento gay - uma reforma prometida durante sua campanha - provocou uma profunda rachadura na sociedade francesa.
O aumento sem precedentes da pressão fiscal aos lares e às empresas, acompanhado de uma queda do gasto público, provocou a hostilidade de boa parte da classe média.
Para lutar contra taxas de desemprego em torno de 10%, o presidente optou no meio do mandato por dar uma guinada socioliberal que lhe valeu uma chuva de críticas da ala esquerdista do partido socialista e a saída de vários ministros.
Esta hostilidade a uma política considerada muito favorável às empresas culminou no início de 2016 com uma guerra no Parlamento com os rebeldes de seu próprio partido, contrários a uma reforma da legislação trabalhista.
A reforma levou ao mesmo tempo dezenas de milhares de trabalhadores, jovens e estudantes às ruas em grandes manifestações.
"Muitos de seus eleitores tiveram a desagradável sensação de terem sido enganados. Simplesmente lhes vendeu muito sonhos", estimaram os dois jornalistas que publicaram o livro de confidências, Gérard Davet e Fabrice Lhomme.
- Macron, seu herdeiro? -Em janeiro de 2015, a França foi atingida por um primeiro atentado contra a revista satírica Charlie Hebdo. Ele foi seguido por uma onda mortal de ataques extremistas em vários lugares do país.
Hollande reagiu endurecendo a intervenção francesa no Iraque e na Síria contra o grupo extremista Estado Islâmico.
"Gostaria que dissessem de mim, já que é a verdade, que fui valente neste período", afirmou o presidente, de 62 anos, segundo o livro "Un président ne devrait pas dire ça..." ("Um presidente não deveria dizer isso", em tradução livre)
No âmbito privado, o presidente também viveu momentos complicados, como a separação de Valérie Trierweiler em janeiro de 2014 após a revelação por parte de uma revista de fofocas de seu relacionamento com a atriz francesa Julie Gayet.
A onda de críticas gerada pelo livro de confidências e a impopularidade recorde levaram Hollande a desistir em dezembro de 2016 de concorrer à reeleição. Algo inédito desde 1958.
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