O Portal Bonde teve acesso com exclusividade, na noite desta sexta-feira (19), a uma série de áudios que teriam sido gravados por taxistas de Londrina com ameaças contra motoristas do aplicativo Uber, recém-lançado na cidade. As gravações foram compartilhadas em um grupo de Whatsapp composto por taxistas e evidenciam os mesmos tipos de atritos registrados em outros municípios brasileiros quando da chegada do serviço de "carona compartilhada", principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro.
É possível distinguir pelo menos quatro vozes diferentes nos dez áudios aos quais o Bonde teve acesso. Em um deles, um homem sugere acionar um dos carros do Uber para "jogar pó de mico nos bancos". Em outro, a mensagem contra os "concorrentes" é ainda mais clara: "Essa noite nós vamos ter que quebrar uns três ou quatro aí, viu? Tem que quebrar porque não vamos esperar a prefeitura não, que nós vamos se f****". Um terceiro faz menção a "dar pedradas" nos veículos "rivais".
Segundo um motorista do Uber que não quis se identificar, um colega que teria sido perseguido por um taxista durante a tarde desta sexta foi à Delegacia de Trânsito de Londrina para registrar um boletim de ocorrência (BO). A reportagem tentou entrar em contato com o delegado-titular da unidade, Jayme José de Souza Filho, mas não conseguiu encontrá-lo para confirmar o episódio. A recomendação da empresa nestas situações é parar o automóvel e acionar a Polícia Militar (PM).
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Também durante a tarde, o presidente do Sindicato dos Taxistas de Londrina, Antônio Pereira da Silva, havia afirmado que a entidade não se manifestaria sobre a presença do aplicativo na cidade, cabendo à prefeitura decidir sobre eventuais sanções. Segundo ele, "os usuários é que vão dizer" qual serviço é melhor. Pereira ainda ressaltou que a recomendação dada aos trabalhadores é de não perseguir, ameaçar ou tentar intimidar, de qualquer forma, os motoristas do Uber.
A Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) se manifestou na última quinta (18) dizendo que o Uber é um serviço não regulamentado no município e está suscetível às penalidades do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que prevê multa média (R$ 85,13) e quatro pontos na CNH por transporte remunerado sem credenciamento.