Quando Itamar Jorge atendia o telefone na empresa Vikstar, de callcenter, onde trabalhou por cerca de 1 ano, certamente a pessoa do outro lado da linha conversaria com alguém alegre e que não mediria esforços para solucionar um problema. "Quando precisávamos dele, ele nunca falava não", lembra Cícero Jorge, um dos oito irmãos, cujo caçula era Itamar.

Natural de Miraselva, Itajorge, como também era conhecido, estudou no Colégio Estadual Ricardo Lunardelli, em Porecatu, morou por algum tempo em Florestópolis, onde ainda vive parte de sua família e, há dois anos, veio a Londrina em busca de oportunidades de emprego.

A confiança nas pessoas e a irrevogável presunção da bondade alheia era uma característica marcante em Itamar. E uma prova disso foi a amizade que construiu com Johnatan dos Santos Mai. A princípio amigos virtuais, Itajorge disponibilizou sua casa como moradia para que Johnatan saísse de Campo Mourão e viesse a Londrina procurar por um emprego.

"Combinamos [quando eu chegasse na rodoviária] de ele pular no meu colo e me abraçar. Foi impressionante e inesperado. Ele confiava demais. Várias vezes alertei pra ele tomar mais cuidado", conta Johnatan.

Itamar não precisava de cuidado, mas se sentia impotente sozinho. Visitava os pais e os irmãos quando podia e ligava para a mãe, "para Deus e pro mundo para conversar", procurando encontrar-se com os amigos e sair para dançar, como afirma Johnatan. Quando não era possível, ainda assim marcava presença nas quadras de handebol, esporte que praticou por algum tempo.

Itamar nunca havia estado no litoral e desejava muito conhecer o mar; um sonho de vida que Cícero tem certeza que ele realizou, na primeira e única viagem que fez à praia, neste ano.

Em 14 de janeiro completaria 21 anos. Itamar Jorge deixa amigos, três irmãos, quatro irmãs e sete sobrinhos.

Dia 10 de janeiro, aos 20 anos, afogado.

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