Pesquisar

Canais

Serviços

Publicidade

Pornô - Irvine Welsh

31 dez 1969 às 21:33
siga o Bonde no Google News!
Publicidade
Publicidade

Troca de olhares libidinosos

Quinhentas e sessenta e cinco páginas.
565.
É esse o espaço livreiro que o romanção Pornô de Irvine Welsh ocupa na estante.

Cadastre-se em nossa newsletter

Publicidade
Publicidade


Primeiros flertes

Leia mais:

Imagem de destaque

Mãos de Cavalo - Daniel Galera

Imagem de destaque

Dois Irmãos - Milton Hatoum

Imagem de destaque

Memória de Minhas Putas Tristes - Gabriel García Márquez

Imagem de destaque

O Fotógrafo - Cristovão Tezza


Irvine Welsh é um escritor escocês que retrata nesse texto uma Glasgow pouco turística, com a história narrada por diversos personagens, intercalados, um a cada capítulo.

Publicidade


Troca de telefones e de MSN


Pornô, de 2002, é uma continuação do cultuado Trainspotting. O Trainspotting (sim, sim, daquele filme mesmo) que dá uma espiada em jovens escoceses de classe média com um leque de perspectivas variando entre ‘pouca’ e ‘nenhuma’. Situação que, somada ao tédio, resulta em uso e dependência de drogas, principalmente, heroína. É uma realidade bem pouco atraente.

Publicidade


"Aceita um drinque, boneca?"


O texto é de tradução da dupla Daniel Galera e Daniel Pelizzari que tinham uma dura e enroscada tarefa. Além de manter o fôlego por todo o tempo do ato tradutório, ainda deveriam introduzir, com calma e qualidade, a multiplicidade das vozes do texto.

Publicidade


"Na minha casa ou na sua?"


Funciona assim:
Os personagens principais da trama são Spud, Sick Boy, Nikki, Begbie e Rent Boy. O livro é dividido em uns 80 capitulozinhos. Cada capítulo é contado por um desses personagens.

Publicidade


Portanto, o livro é narrado em primeira pessoa. Ou em primeiras pessoas. Uma verdadeira suruba narrativa, de entra e sai de primeiras pessoas.


Esse atraente artifício de Welsh esquenta a relação com o leitor ao conceder muitas visões dos acontecimentos.

Publicidade


Beijos na orelha na porta do apê


Cada personagem, além de seu próprio capítulo, tem características peculiares. É possível descobrir quem fala somente pelo modo que se articula seu discurso: gírias, palavrões e discursos viciados típicos, somado a determinadas ações entrega, sem muitos rodeios, o dono daquela voz.

Publicidade


Como neste trecho narrado por Spud, no capítulo 10:
"Mas tipo assim, é claro que eu prefiro ver os bichano de verde se dando bem. Mas ah, isso meio que nem tem a ver, de repente é só chuva mesmo, porque chuva sempre me deixa pra baixo."


Carícias preliminares no sofá


Os personagens são estereotípicos, o que não quer dizer que sejam rasos ou impotentes. Spud é o bobalhão de bom coração que faz tudo errado, Rent Boy, o espertalhão de quem a gente vai gostar, Sick Boy, o golpista picareta espertalhão de quem não vamos gostar, Nikki, a jovem perdida e inconseqüente, com surtos de atitudes pouco espertas e Begbie é o ser ultraviolento e sanguinário, que sente prazer em ser truculento e espancar.


"Isso nunca aconteceu comigo antes..."


Se você já viu o filme, a grande broxada é descobrir que Mark Renton (Rent Boy) é ruivo com sardinhas, bem diferente de Ewan McGregor.


Levanta a saia e rasga a camisa


Sick Boy descobre que o mercado de filmes pornográficos caseiros é muito rentável e resolve se enfiar nesse negócio.


Dianne, uma amiga de Nikki, faz mestrado sobre pronografia.


Rent Boy administra uma boate chamada Luxury, na Holanda.


Begbie recebe revistas pornográficas gay na prisão pelo correio. O que o deixa ainda mais furioso. Ele está permanentemente enraivecido contra Rent Boy por conta de um evento ocorrido no final de Trainspotting (não, não vou contar).


Ou seja, de um jeito ou de outro os personagens da história estão envolvidos com a pornografia.


Rolando pelo chão


O cruzamento de todas as personalidades e de suas perspectivas cria ação para todas as 565 páginas do grosso volume que o leitor tem em mãos.


"Não pára agora!"


As picaretagens e os personagens tentando lograrem uns aos outros, mais os escabrosos planos e as absurdas situações para garantir a produção, a gravação e a distribuição do filme criam inúmeras situações gozadas.


"Vamos mandar mais uma?"


Você viu o filme Trainspotting? Bem, então veja. É o único jeito de conseguir saber qual é da primeira parte da história.


Mas não tem o livro?
Tem, mas acabou. Está esgotado na editora e se encontrar um em sebo pode mandar pra mim de presente que eu pago o correio. Certeza que Deus vai pôr mais uns tijolinhos na tua casinha lá no Céu.


Se não quiser ver o filme ou ler Trainspotting, saiba que essas coisas acontecem, são normais e que sua vez vai chegar. Pornô se sustenta independentemente, mas a primeira vez desses personagens foi lá.


"Foi bom pra você?"


O envolvimento com o livro é daqueles que chega a dar saudade quando há o rompimento da relação.


Irvine Welsh se garante como um dos grandes escritores contemporâneos lidando tão bem com temas que já viraram clichês devido a superexposição.


A ironia típica dos escritores das ilhas britânicas irrompe das páginas do texto e voa em direção ao leitor.


Orgias literárias

Em busca de Curitiba perdida (Dalton Trevisan); Trainspotting (Irvine Welsh); Uma modesta proposta (Jonathan Swift); Kama Sutra (Mallanaga Vatsyayana); Almoço nu (William Burroughs).


Publicidade

Últimas notícias

Publicidade