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A FEMINILIDADE ESQUECIDA

24 fev 2017 às 16:47
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As mulheres tem conseguido um maior espaço na sociedade patriarcal. Sabemos que a luta continua sem trégua e com grandes obstáculos e dificuldades.

O que vem promovendo esse algo parecido com fracasso e que nos desanima e ou nos exaure? Seria o modelo institucional? Seria o homem déspota?

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Busco aqui levantar algumas observações que talvez possam nos ajudar a buscar uma reflexão mais aprofundada e quiçá, nova atitude mediante algumas conclusões de ordem psicológica.

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Da Gênese e dos Fundamentos Psicológicos da Crença nos Espíritos


Em primeiro lugar, nossa civilização foi fundada pelos homens brancos sedentos de poder e livre de princípios éticos para com a Terra e seus habitantes.

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Como atesta Carl Gustav Jung em Seminários sobre Psicologia Analítica de 1925, a repressão da energia psíquica feminina está ligada ao problema da domesticação coletiva do homem. A repressão da energia psíquica feminina acontece na constituição do Estado.


Nesse cenário o sucesso passa a ser medido pelo "ter", pelo "possuir" e pelo erro fatal de que tudo tem um preço, de que tudo pode ser comprado. Hoje atônitas, assistimos a decadência dessa sociedade que já ameaça a diversidade da vida no planeta.

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Um de seus sintomas é não reconhecer a grandeza e a riqueza dessa terra e de todas as descobertas e inventos magistrais do ser humano, coisas que poderiam transformar a ocupação de nossa existência, imbuindo-a de imensa qualidade de vida para com todos os seres do planeta.


Hoje sabemos, temos consciência de que há algo errado e muita gente sabe o que está errado, mesmo assim nos deixamos liderar por instituições e pessoas que não permitem que a tecnologia e a ciência disponham de suas inovações a toda humanidade por simples ganância e sede de poder, sacrificando gentes, nações, animais de toda ordem inclusive este que chamamos de racional.

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O próprio planeta está em sofrimento, agonizando em estado febril devido ao efeito estufa, o qual é negado pelos políticos e comprovado pelos científicos.


O que aconteceu com a delicadeza de pensamento do feminino, com a atitude de cooperação do feminino contra a atitude competitiva do masculino?

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Temos de reconhecer que a mulher, em sua luta por igualdade, se igualou ao masculino predatório e ela mesma se tornou predatória.


Temos de reconhecer que quando a mulher lança mão de seu instinto masculino torna-se ainda mais dura e injusta que o próprio homem.

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Temos de reconhecer que não estamos edificando um comportamento feminino, mas tão somente, nos deixando arrastar e possuir pela mesma decadência da supremacia branca, a mesma que fundou essa organização social aterradora e temerária.


Somente através desse reconhecimento poderemos revolucionar e trazer para a vida cotidiana, para a realidade imediata, nossa capacidade de transformação de um mundo competitivo e injusto em um mundo cooperativo e acolhedor de todas as diferenças.

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A energia psíquica feminina atravessa homens e mulheres, no entanto, estamos nós, as próprias mulheres, negando a energia feminina e nos deixando possuir apenas pela energia psíquica masculina.


Dessa maneira nós e os homens sofremos as consequências avassaladoras as quais estamos assistindo e vagando sem saber o que fazer, sentindo um imenso vazio e imensa sensação de impotência, nos debatendo em angústia e doença.


Estamos assistindo nossos filhos e nossas filhas em desesperança e sem expectativa de um futuro digno. Resta apenas o desespero e assim se incentiva o comportamento sociopata, pois não sentir empatia, simpatia, dor, amor e não ter princípios éticos sólidos parece se fazer necessário para a sobrevivência.


Não podemos nos contentar em sobreviver, necessitamos almejar o viver.
Os sentimentos de pertencimento ao planeta Terra e de irmandade entre todas as criaturas vivas do planeta é um atributo da energia psíquica feminina.



Assumir, cortejar e vivenciar a energia psíquica feminina sem, no entanto, desdenhar ou menosprezar as qualidades da energia psíquica masculina, pois podemos fazer e contribuir para a realização de cada atributo próprio do feminino através da objetividade e capacidade de construção da energia psíquica masculina. O acolhimento é necessário, mas a discriminação ética também é necessária.


Precisamos urgentemente parar e descer dessa construção de mundo cheio de horrores.


Precisamos urgentemente nos apropriar de nossas competências feminina seja homem ou mulher para instituir um modelo cooperativo e acolhedor, que vivifica a terra, vivifica as relações, vivifica a vida, porque, no momento, tudo isso está em moribunda agonia.



A Lua é um satélite que foi por muitos anos e por vários povos, considerada feminina enquanto o sol foi considerado masculino. Em meus sonhos a Lua vem aparecendo sendo esmagada por uma mão escamada e cheia de garras, ela não apenas chora, ela sangra em tamanho sofrimento e dor.


Os povos nativos dessa terra entendiam que somos parte da natureza e que todas as criaturas são irmãos. A irmã chuva, a irmã árvore, o irmão sol, a irmã lua, o irmão elefante, o irmão leão, o irmão céu, o irmão vagalume, a irmã cobra, a irmã flor, e assim por diante.


Em nome de que deixamos de sermos irmãos? Em nome da ganância e do poder. Nossa energia psíquica tanto a feminina quanto a masculina estão deturpadas, estão doentes.


A energia psíquica feminina engendra, coopera, promove irmandade, solidariedade e acolhimento a todas as diferenças, pois todos são seus filhos, filhos da Terra. A energia psíquica masculina deveria estar ali para realizar, para trazer ao concreto as realizações engendradas pelo feminino que dá a vida, assim o masculino estaria resguardando e alimentando a vida. E a ocupação de nossa existência se faria do jeito certo, em alegria, em brincadeiras, em acolhimento, cooperação e realização.


Estamos doentes e continuamos a tratar essa doença através de racionalidades, nos damos desculpas aqui e ali enquanto vivemos com remédios para acordar e remédios para dormir, remédios para sossegar a criança e remédios para conseguir aturar mais um dia de trabalho e de relações frias onde o calor se esvaiu através da dor, da frustração e da desconfiança.


Apropriamo-nos sem pensar dos ópios disponíveis, televisão, jogo, sexo, divertimento obrigatório que exige em todas as noitadas o sacrifício da consciência no altar da deusa Euforia e o ópio mais atual, as redes sociais.


O modelo arquétipo que estamos vivendo não é mais do homem primitivo que se embrenhava na floresta com respeito para prover e defender sua tribo sem desperdícios e da mulher primitiva que criativamente, através de histórias e de trabalhos manuais proporcionava a sustentação da mesma tribo. Ele dava o sustento e ela a sustentação.


O modelo arquetípico do homem moderno, embora se aplicasse no sustento de sua sociedade, já não o fazia com respeito e honra à natureza, mas com ganância e desperdícios vãos. O arquétipo da mulher moderna, embora tratasse de promulgar a cultura, não preservava mais o dom da natureza e sim apenas a força bestial do poder pelo poder.


O modelo arquetípico do homem pós-moderno se anulou numa confusão e perdição de seu modelo masculino, numa clara inveja ao poder do feminino, em contrapartida o modelo arquetípico da mulher moderna se anuviou na transmissão de uma cultura feminina perdida na imaginação, na intuição, sem base na concretude e no princípio de realidade, numa homogeneização religiosa ou quase religiosa.


O arquétipo de mulher que temos é o de uma jovem sensualizada com a espada em punho pronta para discriminar e separar, porque a espada em riste faz isso. Em contrapartida, a espada em descanso e com a ponta para baixo denota a sabedoria da discriminação do que é certo e do que é errado, mas sem sangue derramado.


Por outra perspectiva o homem para se sentir homem acredita que ao submeter essa mulher sensual e com espada em riste, encontra o seu caminho e poder. Outros ainda preferem se submeter a ela, criar uma bolha, uma zona de conforto, onde não se confrontam com ela, mas guarda em si, escondido, um ressentimento causado pela sua castração que um dia de algum modo irá requerer a sua salvação.


Em suma, estamos sem modelo arquetípico salutar, nem de homem e nem de mulher.
Espaço vazio é espaço preenchido, de modo que na falta desse arquétipo salutar, o arquétipo da sociopatia e da psicopatia estabeleceu sua liderança. Desse modo estamos nas mãos de sociopatas em todas as gestões.


Faz-se necessário reconhecer e parar de sangrarmos a Lua. É evidente que se destruirmos a Lua e se destruirmos o Sol, a Terra vagará pelo espaço infinito sem vida e sem controle. Sem a Lua, o eixo da Terra perde seu balanço de equilíbrio e assim a Terra assume um comportamento destrambelhado. Sem a luz do sol, a luz da razão, a Terra não passa de uma massa amorfa e estéril.


Refletindo sobre essa figura podemos entender o texto que se nos apresenta em relação ao momento caótico da humanidade.


Minhas luas irmãs podemos porque temos o poder de nos propor a abandonar essa forma masculina de viver e assumir o modo feminino da existência.


Temos o poder de nos tornarmos a sustentação da Terra, amando todos os nossos filhos sejam eles tal e qual se apresentam e mais do que nunca, acolhamos a razão, a objetividade e a potência de realização prática do modo masculino da existência sem, no entanto, obscurecer ou desvirtuar nossa própria maneira de existir.


Talvez meu apelo seja por demais sentimental, mas talvez ele também esteja imbuído de alguma razoabilidade.


Penso que precisamos encontrar o caminho da razão sensibilizada pelo afeto. A perfeita alquimia entre Sol e Lua.


Somos todos responsáveis pela forma de ocupação de nossa existência.



Texto: Lunardon Vaz

Bibliografia consultada e recomendada:
- O Espelho Índio de ROBERTO GAMBINI
- Lilith a Lua Negra de ROBERTO SICUTERI
- O Poder do Mito de JOSEPH CAMPBELL
- As Deusas e a Mulher de Jean Shinoda Bolen
- Os Deuses e o Homem de Jean Shinoda Bolen


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