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Modelos de relações - A UNIÃO ENTRE ZEUS E HERA – A sempre tempestuosa disputa de poder

02 nov 2015 às 13:13
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Modelos de relações - A UNIÃO ENTRE ZEUS E HERA – A sempre tempestuosa disputa de poder

A deusa Hera dos gregos, chamada Juno pelos romanos, personifica o arquétipo da esposa, o desejo ardente de estar envolvida num relacionamento comprometido.

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Filha de Crono e Réia, esposa e irmã de Zeus era a deusa da mais alta posição social do monte Olimpo devido ao seu status de esposa oficial do poderoso Zeus.

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ALGUMAS RELAÇÕES/OUTRAS RALAÇÕES


Apesar de ser amada e reverenciada nos templos como a deusa do casamento, foi retratada por Homero como a megera ciumenta.

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Assim como seus irmãos, Hera emergiu de dentro da barriga de seu pai Cronos -que significa Tempo- após ele ter engolido seus filhos por medo de ser destronado por algum deles.


Quando Hera escapou desse cativeiro de Cronos já era uma jovem. Duas divindades da natureza a protegeram e a criaram para ser uma jovem adorável
.
Zeus que a essa altura já havia sobrepujado o pai Cronos e posteriormente os Titãs, tornando-se o deus supremo, sentiu-se extremamente atraído pela bela e doce Hera.

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Para conseguir conquista-la Zeus se metamorfoseou em um pequeno, arrepiado e patético pássaro. Com pena, Hera o acolheu junto ao seu peito. Zeus se mostra então, com uma bela aparência varonil e tenta violenta-la. No entanto, Hera resistiu a essa e a todas as demais tentativas amorosas de Zeus até que ele fez-lhe a promessa de casamento.


A lua-de-mel que se seguiu durou trezentos anos e quando terminou Zeus voltou aos seus modos promíscuos anteriores ao casamento.

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Frequentemente infiel, provocava em Hera o ressentimento e o ciúme vingativo. Entretanto, sua ira jamais fora direcionada ao marido e sempre à outra mulher e às crianças concebidas, ou mesmo, aos inocentes espectadores.


Assim como há numerosos feitos amorosos de Zeus, há também numerosos feitos de ira e ciúme por parte de Hera que, usualmente, reagia com uma ação vingativa.

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Em outros momentos, Hera, contrariando sua maneira instintiva, se ausentava indo para bem longe em peregrinações pelos limites da terra e do mar durante os quais se separava de Zeus e de todos os demais deuses do Olimpo, se envolvendo na mais completa escuridão e desalento.


Há uma passagem nos relatos do mito em que Hera vai para as montanhas onde havia passado dias felizes de sua juventude e, dessa vez, não iria voltar. Quando Zeus percebeu que ela não voltaria, armou uma operação para que Hera observasse e que voltasse para ele.

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Anunciou a Hera que iria se casar com outra e envolvendo uma rocha com vestido de noiva iniciou o ritual do casamento. Hera acabou rindo da situação armada por Zeus e assim voltou ao Olimpo e para seu deus.


Ser esposa é a mais importante prioridade de Hera, até mesmo os filhos não possuem sua atenção e amor como o casamento em si mesmo, sobretudo porque Hera usa seus filhos como instrumento de vingança contra seu marido.

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Em estando envolvida com o arquétipo de Hera, a mulher nem sequer aventa a possibilidade de separação e se acaso o faz, é devido aos angustiados pedidos dos filhos e familiares que, invariavelmente, são arrastados para dentro das questões aflitivas sendo envolvidos na disputa de poder entre o casal e que, num dado momento, já não suportam mais as brigas.


Entretanto, a separação não acontece, sempre há uma desculpa qualquer para não seguir em frente com a separação.


Não estar casada significa perder "status quo", para ela significa fracasso e uma deusa não admite fracassos, antes procura os supostos culpados e deles se vinga. A mais das vezes, se ausenta afetivamente dos filhos, dos familiares do marido e de seus amigos mais queridos. Mas, se acontecer algo onde ela será reconhecida como a esposa do "fulano de tal", ela estará radiante e feliz num grande contraste daquilo que mostra em ambientes mais restritos e familiares nos quais prevalece sua ira como uma névoa envolvendo as pessoas, como se fosse um manto ou uma camisa de força em casos mais extremos.


Mas, a soberana deusa não tem apenas esse aspecto nefasto. Este arquétipo proporciona capacidade de estabelecer vínculos leais e fieis e de suportar e apoiar o companheiro ou companheira nas dificuldades. Pode-se contar com ela em todas as situações mais difíceis.


Em seus rituais sagrados era venerada sob três epítetos e santuários, a saber: Na primavera cultuava-se a Hera Partenos que significa a virgem; no verão e no outono como Hera Teleia, que significa a realizadora e a perfeita e no inverno tornava-se Hera Chera, a viúva.


Esses três aspectos da deusa representam não apenas sua trajetória com Zeus, mas também as três fases de toda mulher: a virgem, a adulta e a velha.


Quanto ao seu par, o poderoso e deus supremo Zeus representa o reino da vontade e do poder.


Em The Gods of Greece, Arianna Stassinopoulos escreve: "O divino Zeus que, em sua glória, é o deus que aparece como luz e que traz luz e consciência para os humanos, torna-se, em sua escuridão, um inimigo da força vital, trancafiado em suas estruturas e leis, temendo a mudança e resistindo a ela, assim como diante de qualquer ameaça ao ‘status quo’".


Após derrotar o pai Cronos e tomar-lhe o poder, Zeus e seus irmãos tiraram a sorte para repartir o mundo em reinados. Poseidon ganhou o mar; Hades ganhou o reino do mundo inferior e Zeus ganhou o céu.


Senhor dos raios, tinha o trovão como símbolo e até hoje quando vamos contra alguma deliberação patriarcal podemos esperar que um raio caia sobre nossas cabeças. E quando precisamos de que o nosso solo, nossa criatividade e ação se abundem esperamos desse deus, que nos chegue com sua chuva fertilizando e renovando nossa psique, nossa terra, nosso corpo.


Se houver alguém identificado com esse arquétipo numa casa, ou sala ou qualquer outra atividade de grupo, esse alguém tem a capacidade consciente ou inconsciente de mudar o clima emocional do lugar. Pode fazer do lugar um céu idílico ou um céu tenebroso. Por isso, é bastante aconselhável que faça uma terapia analítica, pois tendo consciência do instinto por detrás do arquétipo poderá tornar a vida melhor de muita gente, inclusive de si mesmo.


Tornamo-nos feito Zeus quando queremos o poder até mesmo em detrimento dos outros. Num extremo, temos aí a doença da psicopatia ou sociopatia que, evidentemente, encontramos no mundo dos políticos; nos homens de grande poder econômico a subjugar o mundo ou na esfera particular, se impondo aos filhos e cônjuge; e, claramente, como lideres das organizações que impõe sua ideologia e sua vontade.


Bem utilizado, no entanto, temos um bom líder capaz de atingir metas e objetivos sem imposições, com objetividade e vivaz inteligência porque o domínio dos céus representa o domínio da consciência que celebra o controle do irracional, raciocínio lógico e força de vontade, como também, a determinação.


Dizem que Zeus é mais poderoso do que todos os demais deuses juntos. Então, sua capacidade, ou melhor, suas potências são múltiplas e ao estabelecer aquilo que deseja em meio a tantas facilidades criará foco, um sistema ou modelo em que sempre sairá vencedor.


Zeus foi o último filho, o caçula de Cronos e Réia. Suas três irmãs e os dois irmãos antes dele, já haviam sido engolidos por Cronos. Para impedir que o mesmo acontecesse ao caçula, Réia embrulhou uma pedra num manto de bebê. Cronos engoliu a pedra pensando que fosse Zeus que, nesse momento, estava escondido numa caverna em Creta. Posteriormente, foi ele criado por uma ninfa ou por uma cabra conforme as versões que existem.


Ao chegar a idade adulta, Zeus se casou com sua primeira esposa de nome Métis, divindade oceânica.


Na mitologia grega, Métis significa "habilidades". Ela é deusa titânica, da saúde, da proteção, da astúcia, da prudência e das virtudes.


Tinha o poder de se metamorfosear em qualquer coisa ou animal. Com este casamento, Zeus se apropria dessa forma de inteligência astuta e da habilidade de se metamorfosear o que lhe permitiu conquistar o poder.


Zeus convence Métis a lhe fornecer um elixir que ao dar de beber ao pai Cronos, fez com que este vomitasse os seus irmãos e irmãs juntamente com a pedra. Em seguida, com a ajuda dos irmãos e de outros seres, derrotou o pai e os Titãs. Após dez anos de luta conquistou o trono.


Teve várias esposas e várias amantes, cujos filhos povoaram o mundo e ampliaram o seu reino tanto na terra quanto no Olimpo.


O ritual do casamento possui seus significados. Aqui nessa sizígia, ou união entre Zeus e Hera, podemos verificar três de seus significados: a necessidade interior de ser cônjuge; o reconhecimento social entre marido e esposa e o terceiro significado que interessa ao processo de individuação, ao processo psicológico que encerra em si mesmo o amalgama da consciência e da inconsciência, de modo mais simplificado, ao processo de união entre instintos e razão.


Meta para a conquista da terceira natureza do homem que em psicologia analítica fica dividido da seguinte maneira: No primeiro processo, a humanidade alcança o pensamento primário imbuído e trespassado apenas pelos instintos; no segundo processo, a humanidade alcança o pensamento secundário imbuído e trespassado pela razão e o terceiro processo ao qual a humanidade ainda não alcançou que é o da razão sensibilizada pelos instintos, uma composição bem sucedida entre razão e instintos. Nos dias de hoje podemos observar claramente que a humanidade se perde ora nos instintos, ora na razão.


No matrimônio entre Zeus e Hera ocorre, em termos psicológicos, o casamento entre o animus e a anima, a parte feminina e a parte masculina da energia psíquica que nos habita.


Isso significa que a psique encontra em si mesma a serenidade, a solidez e a segurança que buscou encontrar em uma pessoa. E por assim dizer, a partir daí é que o sujeito estará apto deveras ao casamento social, exatamente porque sua necessidade que iria buscar no outro já está saciada e assim, o casamento com o outro será pela alegria, pela celebração da vida, pela diferença e não por necessidade.


Vale lembrar que quando se casa pela necessidade, assim que ela se realiza, o casamento acaba. Para se casar é preciso determinar qual é o seu desejo. Dependerá disso a duração e o clima emocional de seu casamento.


Zeus e Hera são os deuses que determinam o clima emocional. Raios e trovões, tempestades e calmarias.


Quando o casamento está vivendo a semelhança desse arquétipo, ocorre grande disputa entre o casal e os filhos são vistos como objeto de poder, a criança sofre muito nesse tipo de relação, pois o amor e proteção que deveriam possuir dos pais, são canalizados todos para a disputa entre eles.


No entanto, o mito aponta uma saída bem inteligente para que esse casamento possa seguir em frente de modo mais leve e saudável: o riso. Foi com o riso que Zeus conquistou novamente a estabilidade de seu casamento com Hera ao resolver fazê-la rir de sua armação em fingir se casar com uma pedra vestida de noiva.


Assim, Nietzsche nos incita em seu texto de Assim Falou Zaratustra: "É com o riso que se derrota o Espírito da Gravidade, por onde todas as coisas caem".


Texto de: Lunardon Vaz

Bibliografia consultada:
- Mitologia Grega de Junito de Souza Brandão
- As Deusas e as Mulheres de Jean Shinoda Bolen
- Os Deuses e os Homens de Jean Shinoda Bolen
- Anima de James Hilmann


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