A resposta mais objetiva seria não. O corpo humano é uma ‘máquina’ muito bem estruturada e regulada, podendo se adaptar às mais diversas condições de vida, inclusive à abstinência sexual.

Como já discutimos nesta coluna, o sêmen (esperma) é produzido por vários órgãos ao longo do trato sexual masculino, sendo os principais o testículo e epidídimo (responsáveis pela produção, maturação e armazenamento dos espermatozóides), e a próstata e vesículas seminais (que realizam a secreção de substâncias diversas do esperma).

Ainda não foi comprovado se existe um mecanismo próprio de eliminação dos espermatozóides que não são ejaculados. Em alguns animais de laboratório, verificou-se que os espermatozóides em excesso podem ser expelidos pela uretra, eliminados com a urina ou reabsorvidos dentro do epidídimo.

No homem, alguns estudos estimam que possa haver absorção de espermatozóides dentro do ducto deferente (estrutura que transporta os espermatozóides dentro do sistema reprodutor masculino) por células de defesa especializadas, os macrófagos.

Já existem trabalhos tentando mostrar que ejaculações freqüentes poderiam prevenir o câncer de próstata, porém, esta relação ainda não foi comprovada. Constatou-se que a incidência de câncer de próstata em padres, sabidamente celibatários, é a mesma da população masculina sexualmente ativa.

Portanto, não há necessidade de preocupação quanto a sua opção sexual. O ‘uso’ ou ‘não uso’ do aparato sexual é uma escolha individual, sem que isso gere seqüelas para o seu corpo.

MITOS E VERDADES

- É mito afirmar que homens que fazem vasectomia não têm mais esperma.

– Na vasectomia, é seccionado somente o ducto deferente, que leva os espermatozóides para serem expelidos no sêmen; porém a próstata e as vesículas seminais continuam a produzir e secretar os conteúdos do esperma. Portanto, o sêmen de um homem vasectomizado é, visualmente, igual ao de qualquer um, só que sem espermatozóides.

Juliano Plastina, urologista e membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia