O calor recorde em boa parte do país (sensações térmicas passando de 50°C, no Rio e de 40°C, em São Paulo) levou muita gente a tentar se virar para amenizar a temperatura dentro de casa. Que tal um "ar-condicionado caseiro"? A ideia parece ótima, é de fácil execução, e dois vídeos que ensinavam o passo a passo para essa maravilha da criatividade humana viralizaram nos últimos dias.
A versão mais "sofisticada" do ar-condicionado caseiro foi mostrada em um clipe no Facebook. Trata-se de um ventilador interligado por canos flexíveis às "bocas" de duas garrafas pet, acoplados em uma caixa de isopor cheia de gelo. Foram 10 milhões de visualizações na última semana.
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Diante do sucesso na web, a Folha de S.Paulo testou a engenhoca e recebeu um belo não em troca: não, não funciona. Os materiais necessários, somados, custaram cerca de R$ 130, sem contar o ventilador. Não é difícil nem demorado fazer a gambiarra ensinada no vídeo: em 20 minutos, está tudo pronto, e mesmo botando mais gelo, não dá muito certo.
Eis o relato do repórter Júlio Boll, de São Paulo: "A verdade é que não chegou nem perto de esfriar a sala de 10m² da minha casa. Nem o vento ficou geladinho. Nada, absolutamente nada. Após uns 30 minutos diante do ventilador ligado, até repus o gelo no isopor e reduzi o tamanho dos canos auxiliares. Mexi na posição dos canos dentro do caixote e percebi que o vento estava circulando internamente. Deixei o ventilador ligado por mais de uma hora. Mas do lado de fora, nada.
O segundo modelo é ainda mais "roots" que o primeiro. Para montá-lo basta uma bacia com gelo, um pano fino e dois pregadores de roupa, além do ventilador. Basta molhar o pano na água com gelo ("Se você tiver uma fraldinha de bebê, melhor ainda", conta a moça que está ensinando) e pendurá-lo no ventilador. Simples assim. "Pode fazer! Sem erro!", anima-se ela, que dá uma dica final: manter o paninho sempre molhado. É aí que mora o problema. A repórter Ana Cora Lima, do Rio, conta como foi a experiência:
"Segui as instruções e, para minha surpresa, deu certo. Meu quarto, que estava um forno, deu uma boa refrescada. O lençol da cama parecia mais fresquinho e, quando comecei a parar de suar, percebi que esse processo tosquinho e simpático de refrigeração tem um prazo de validade: uns 15 minutos. O gelo, claro, derrete, o pano seca, e aí volta o calor.
A internauta havia dado a dica de pegar um borrifador e ficar jogando água fria no tecido preso ao ventilador. Ela aconselha também a repor o gelo. Ah, tá. Que prático para quem planeja dormir no fresquinho. Assumo que ainda fiz mais duas vezes, mas depois desisti porque percebi que para manter o clima de montanha, teria que passar a noite acordada, além de não haver gelo suficiente. Ou seja, funcionar, funciona, mas por pouco tempo."