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O outro lado da moeda na Embraer

31 dez 1969 às 21:33
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Quando assumiu a presidência da Embraer, em abril de 2007, o engenheiro aeronáutico Frederico Fleury Curado realizou um sonho que havia acalentado por mais de 20 anos. Apaixonado por aviação, Curado construiu toda a sua carreira na Embraer. Desde o início, em 1984, participou do desenvolvimento de projetos de aviões que se tornaram sucessos internacionais, enfrentou crises que eliminaram mais de 10.000 postos de trabalho e quase levaram a companhia à falência e viveu as glórias da recuperação, já na fase pós-privatização, com a chegada da Embraer ao grupo das três maiores fabricantes de jatos comerciais do mundo, atrás apenas de Boeing e Airbus. Ao assumir a empresa, há pouco menos de dois anos, Curado esperava seguir o caminho de vitórias iniciado por seu antecessor, Mauricio Botelho. Pelo menos até agora, não foi o que aconteceu - e seu sonho de 20 anos, em alguns momentos, transformou-se num pesadelo. Para enfrentar os efeitos da crise internacional, que resultaram no cancelamento ou no adiamento de cerca de 100 pedidos de aviões que deveriam ser entregues neste ano, Curado demitiu 4 300 funcionários, ou 20% da força de trabalho da Embraer. Imediatamente, tornou-se um vilão nacional - achincalhado por governo, sindicatos e populistas dos mais diversos matizes ideológicos. "Não me envergonho do que fiz", diz Curado. "Era preciso uma ação rápida para proteger a empresa e os outros 17 000 empregos".

A explicação, ainda que correta tecnicamente, parece não satisfazer nem o próprio executivo. Abatido, ele diz que não dorme direito desde o início de fevereiro, quando percebeu que teria de tomar atitudes drásticas. "Foram dez dias de angústia e noites maldormidas até anunciar os cortes", afirma. A maneira de conduzir as demissões foi discutida por semanas. Desde a forma como seria feito o anúncio até os benefícios extras a ser concedidos, passando por uma análise individual de cada demitido na tentativa de evitar que membros de uma mesma família fossem dispensados ao mesmo tempo. Ninguém recebeu o anúncio da demissão em casa, por telegrama, ou soube dos cortes pelos jornais, como é comum em dispensas desse porte. "Quisemos explicar individualmente o motivo da demissão", diz Curado. Não bastasse o desgaste inerente à situação, as demissões transformaram Curado em uma espécie de inimigo público da nação. Até o presidente da República condenou publicamente o presidente da Embraer. Lula convocou a direção da empresa para uma reunião em Brasília alardeando que cobraria a revisão das demissões. Juízes trabalhistas e desembargadores entraram na onda e concederam liminares suspendendo as dispensas. Magoado, Curado diz que houve uma busca insana por culpados sem análise fria da situação. "Uma empresa privada tem de buscar sua sobrevivência", diz ele. "Ninguém demite por prazer, mas era necessário, e tudo foi feito com respeito aos empregados e dentro da lei".

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Fonte: Exame

E você, o que pensa a respeito da decisão da Embraer?


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