As eleições de 2010 ainda estão distantes, mas toda aquela movimentação típica do jogo político-partidário já começou. E a web, é claro, não fica de fora disso. Com ou sem regras de restrição a divulgação de informações sobre candidatos na internet, o fato é que no tapetão eletrônico o buraco é mais embaixo.
Na mídia tradicional (rádio, tv, mídia impressa), que se propõe a escrever/falar de política põe a cara para bater. Se um jornal saí da linha, é muito fácil um candidato que se julgou prejudicado acionar a Justiça e obter reparação (na maioria das vezes na forma de direito de resposta). Claro que a coisa não é tão rápida nem justa quanto gostaríamos, mas funciona.
Agora, na web a coisa muda de figura. Primeiro porque nem tudo que é lido por aqui é publicado por aqui (ou seja, o computador onde tal conteúdo está pode estar em qualquer lugar), o que dificulta o trabalho da Justiça para retirar material ofensivo do ar. Também é uma mídia na qual nem sempre quem opina ou publica põe a cara para bater. No jornal, tá lá bem claro o nome do repórter, o nome do responsável pelo veículo. Na web, não.
Claro que isso nunca impediu que tivéssemos laranjas por trás da média tradicional em eleições passadas. Todo mundo que acompanha política já viu os famosos jornais-laranjas que aparecem de repente em ano de eleição para convenientemente divulgar toda a "verdade" sobre um ou outro candidato. Já tivemos episódios em que a grande mídia se comportou de forma lamentável (vide debate Lula-Collor).
Mas na web a coisa é mais complicada. Isso porque todo mundo adora uma teoria da conspiração. E os blogs, twitters e outros meios de disseminar informação estão cheios de pessoas dispostas a falar sobre tudo. Um laranja numa terra dessas vira rei. O laranja é aquela pessoa que é paga, de um jeito ou de outro, para disparar informações.
Os laranjas realizam todo tipo de serviço sujo. Eles entram em blogs e comunidades da web para postar comentários/acusações. Eles mantém blogs que divulgam informações supostamente exclusivas. Usam o Twitter para espalhar fofocas. Postam vídeos no You Tube para ridicularizar o adversário.
Como muitas vezes a grande mídia não consegue ou não pode noticiar determinado assunto, os laranjas acabam conquistando as pessoas com esse discurso de "aqui está o que não estão te contando". Afinal de contas, quem é que não quer saber o que rola nos bastidores?
Mas porque a grande mídia não noticia? Na maioria das vezes porque não há comprovação documental. Ou seja, não há provas. E se não há provas não se trata de fato, e sim especulação. O repórter sério, cuidodoso que sabe que será cobrado inclusive judicialmente se cometer uma leviandade não topa assinar um artigo baseado em especulação. Mas os laranjas da internet topam qualquer coisa. É para isso que eles são pagos.