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O que importa é o voto, não a praticidade

09 set 2009 às 17:54

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Está em discussão no Senado a Reforma Eleitoral, uma série de alterações no processo eleitoral brasileiro. O que tem chamado mais a atenção da mídia e da população é a possibilidade do conteúdo da internet ser sujeito a controles semelhantes aos que jornais, revistas e redes de televisão já possuem durante o processo eleitoral.

Mas há um artigo na Reforma que acho mais importante e que está passando despercebido. Trata-se de um artigo que prevê que a partir de 2014 as urnas eletrônicas tenham que imprimir o voto de forma a permitir que o resultado por ela apresentado possa ser comprovado por meio de contagem manual.

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As urnas eletrônicas brasileiras são um exemplo clássico de tecnologia que traz praticidade. São próprias para serem usadas sem complicação até mesmo por pessoas analfabetas. O toque de mestre da urna é que ela simula um teclado de telefone, instrumento popular e de fácil reconhecimento. Na hora de votar, só se exije do eleitor que ele digite os números, veja a foto do candidato e confirme a opção por ele.

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Muito simples, não? O problema é que uma vez confirmado o voto, quem garante que ele vai mesmo ser computado?

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A segurança do processo eleitoral ignora um princípio básico da própria segurança? A redundância. Quando você vai proteger a sua casa de possíveis invasores, dificilmente recorre a um só tipo de proteção, não é mesmo? Você instala grades, portões e muros altos, alarme e travas. Porque se um recurso falhar, tem outro pronto para impedir a ação dos invasores.


A urna eletrônica não possui esse sistema redundante de segurança. Uma vez lido o disquete de registro da urna, não há como verificar se aquela informação é verdadeira.

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Outro problema claro do sistema é que uma vez que alguém denuncie uma possível fraude, caberá a Justiça Eleitoral decidir se irá investigar ou não. Oras, é a própria Justiça Eleitoral a responsável pela organização e operacionalização do sistema. Entendeu a dificuldade?


O ideal é que o sistema eletrônico de votação permita um registro duplicado do voto. A contabilização do voto continuará ser feita de forma eletrônica, mas será possível também verificar a confiabilidade do sistema através da comparação dos resultados digitais com os obtidos pela recontagem manual dos votos.

Essa duplicidade pode não ser tão prática quanto as atuais urnas brasileiras. Mas o fato é que quando se trata de democracia, o voto é muito mais importante que a praticidade.


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