Uma professora baiana do ensino fundamental foi filmada dançando num show. O vídeo, como todo vídeo, foi parar na internet e a escola que empregava a moça decidiu demiti-la. A razão: a dança sensual da qual ela participou seria incompatível com o comportamento que se espera de uma professora.
Tudo certo, não? Não sei. Não tenho filhos, mas imagino que não ia querer que alguém que se mostrou dançando pagode com a calcinha para fora fosse sua professora.
Mas essa é uma análise simplista. A professora só foi demitida porque o vídeo estava na internet. Um vídeo gravado sem o consentimento dela. Ela dançou numa festa, num momento de lazer. Não se trata de um erro cometido enquanto no exercício da profissão. Nem de uma conduta incompatível com a função de ensinar.
Para meu horror, vejo num programa desses de variedades a tal professora sendo entrevistada. Constrangida, a moça pediu desculpas, disse que o vestido não era dela e que dançar foi um erro. Oras, que absurdo. Essa menina teve a privacidade dela invadida sem dó. E foi punida por algo absolutamente normal.
O mais triste é que as pessoas não percebem a violência que está por trás desse hábito de filmar os outros e expô-los na internet. Quem é vítima desse tipo de invasão tem direito e deve recorrer a Justiça.