"Estou de férias, graças a Deus!". Foi assim, em tom de desabafo para alguns e de deboche para outros, que o desembargador Luiz Zarpelon anunciou a sua tão almejada aposentadoria em um despacho publicado na última segunda-feira no site do Tribunal de Justiça do Paraná.
Em pouco tempo a pérola caiu na rede, gerando grande polêmica e fervorosas discussões nos principais portais jurídicos brasileiros.
Parte da comunidade jurídica não viu problema algum na atitude do magistrado, entendendo que a decisão interlocutória se encontra, do ponto de vista técnico, correta e, que o juiz assim como todo cidadão, tem todo o direito de comemorar o seu descanso.
Grande parcela dos profissionais, contudo, interpretou o despacho como uma afronta à credibilidade da Justiça e aos preceitos éticos e morais presentes na Lei Orgânica e no Código de Ética da Magistratura Nacional, os quais impõe ao juiz o dever de agir com diligência, cortesia, prudência, dignidade, honra e decoro.
Sem radicalismos e, muito menos com o intuito de condenar a figura do desembargador, o que nos chamou a atenção no caso foi a sua ingenuidade ao desprezar a repercussão que suas palavras iriam tomar, sobretudo nos dias de hoje em que as informações processuais podem ser facilmente acessadas e compartilhadas na grande rede.
Sendo assim, por agir sem a devida cautela, viu seu despacho literalmente "cair na net" justamente nos derradeiros dias de seu ofício, vindo a manchar tanto a sua imagem, quanto a do Judiciário, por vezes já desacreditado pela nossa sociedade.
Acerca das consequências, muitas vezes inimagináveis, de nossos atos e palavras, recomendamos aos nossos caros leitores que assistam o filme Oldboy, um clássico do cinema asiático dos anos 2000.
A película, que traz excelentes reflexões acerca da nossa responsabilidade perante os demais membros da sociedade, aborda a história de um homem que, sem saber o motivo, é mantido recluso durante 15 anos em uma cela, até o dia em que finalmente recebe um telefonema misterioso sugerindo que ele desvende a razão de sua prisão e a identidade de seu torturador.
Maiores informações: www.nobrecorrea.adv.br