Esta crônica de Omar Godoy foi publicada no Folha Curitiba desta semana, com ilustração do Marco Jacobsen

MACHOS DESCONTROLADOS

Um sujeito joga a mulher de um carro em movimento, rouba um avião e se atira contra um shopping com a filha junto. Outro abusa da enteada de apenas 9 anos, que acaba ficando grávida de gêmeos. E o que dizer do enésimo estudante que abriu fogo contra os colegas de escola?

Essas (e várias outras) notícias recentes só me levam a perguntar: o que anda acontecendo com os homens? Sim, porque não se fala de atiradoras, abusadoras ou mesmo de qualquer mulher capaz de colocar em prática pensamentos tão perversos. Para cada Anna Jatobá ou Suzane Richthofen, há dezenas, talvez centenas, de equivalentes masculinos.

Estes são tempos em que basta uma mínima fagulha para alguém explodir. Mas por que a maioria dos descontrolados são homens? Mais uma vez, há quem responda pela via da ''crise da masculinidade'', um conceito usado pelos ''ólogos'' de plantão para explicar a falta de rumo do macho contemporâneo.

Antes bem resolvido no papel de provedor, o homem passa a ter uma identidade confusa quando perde parte desse espaço para a mulher. Concordo plenamente, ainda que o xis da questão talvez seja outro.

Vendo minhas filhas brincar de boneca, percebo que as meninas são criadas para cuidar. Os garotos, ao contrário, são programados para destruir, como se a agressividade já estivesse em seus genes. E não adianta, a esta altura do campeonato, convencê-los a trocar os Power Rangers pelos Ursinhos Carinhosos.

Repito que acredito na tal crise da masculinidade - vejo exemplos dela todos os dias. No entanto, o atirador de 17 anos não está nem aí se uma mulher vai tomar o seu lugar no mundo.

Termino o texto sem respostas. Mas que o olhar de prazer de um menino que acaba de espatifar um carrinho deve explicar muita coisa, isso deve.

Omar Godoy