Reproduzimos abaixo ensaio fotográfico do Theo Marques publicado hoje, dia 27 de fevereiro, no Folha Curitiba. O texto também é do Theo e as fotos abaixo estão colocadas da maneira como foram editadas no jornal.
Abs
Drica
Samba: Rock
Theo Marques
Equipe da Folha
Curitiba foi palco, neste carnaval, de dois espetáculos aparentemente díspares: o desfile das escolas de samba e o Psycho Carnival, festival independente de rock e psychobilly. Tive a oportunidade de fotografar ambos. Uma experiência, digamos, "antropológica". Durante a edição das imagens, pude ter a nítida percepção de que as festas carregavam semelhanças profundas, a despeito da óbvias diferenças de estética e público.
A começar pelas origens: o samba veio da música trazida pelos africanos ao Brasil. Era uma forma dos escravos extravasarem e esquecerem um pouco as agruras da vida dura que levavam. Danças e ritmos simples que, após a Lei Áurea, vieram à tona e tomaram conta do país, fundindo-se em seu próprio DNA. O rock também surgiu de ritmos africanos, da inserção de guitarras elétricas sobre o blues, o bluegrass e o folk cantados pelos negros nas plantações de algodão americanas. Tornou-se rapidamente bandeira para toda uma geração de jovens, uma forma de catarse após todo o sofrimento de duas guerras mundiais e quase três décadas de recessão profunda nos Estados Unidos.
Samba e rock são, em sua essência, música popular. Ambos tentam buscar o ponto de equilíbrio, a merecida festa depois de tanto suor e sofrimento. Ambos são diversão, protesto, liberdade. Ambos são vozes do povo, levando a alegria a milhões de corações.
