Vivemos um mundo de repleto de paradoxos. Temos muita informação disponível, mas boa parte delas não é crível. Aquilo que acreditávamos até pouco tempo atrás, atualmente não pode ser considerado. A tecnologia era cara e inacessível à maioria. Agora ela está ao alcance de todos, mas o preço está no desemprego ou no valor baixo do trabalho humano. A inovação, presente nesse contexto, desempenha papel crucial, porém desenvolvê-la está cada vez mais desafiador.
Meus alunos de agronomia da Universidade Estadual de Londrina (UEL) tiveram uma palestra com os agrônomos Marli Parra e José Passini do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – IDR Paraná. Mais que conceitos técnicos, minha preocupação em convidar os extensionistas do IDR era de trazer a realidade concreta do campo a partir do cotidiano de quem está na ponta todos os dias fazendo a coisa acontecer. Os métodos e técnicas de Extensão Rural estão disponíveis a um clique de qualquer pessoa. Contudo, como empregá-los face aos problemas enfrentados pelos produtores rurais será o diferencial na carreira desses engenheiros agrônomos. Ainda que meus alunos formandos não queiram ou não possam atuar em uma instituição pública (por falta de concurso, por exemplo), extensão rural é todo trabalho de transmitir informação técnica por parte de um profissional de ciências agrárias a produtores que estejam enfrentando problemas. Como nem sempre essa informação técnica está pronta, será preciso inovar, o que, por sua vez, necessita do trabalho em conjunto de técnicos (pesquisadores, extensionistas, analistas) e produtores e, às vezes, até do envolvimento de outros atores do ecossistema, caso seja uma inovação disruptiva e radical.
Por isso, levei esses mesmos alunos na Aintec, Agência de Inovação Tecnológica da UEL. Eles aprenderem o que é uma agência de inovação, para que ela serve, como desenvolver a inovação a partir do trabalho, por exemplo, de startups, as quais muitas delas são criadas por egressos de agronomia. Em razão disso, convidei os empreendedores Helder Rodrigues, cofundador da Nova Alga, que trabalha com biotecnologia de microalgas, e Matias Santipolo, socio fundador da Gaia Agrosolutions, que é uma plataforma de inovação para o setor agrícola. Matias e Helder, além de explicarem as dores, angústias e alegrias de ser seu próprio patrão, adentraram nas peculiaridades de como desenvolver inovação no contexto que vivemos, como da facilidade na obtenção de informações, na burocracia do governo que muitas vezes prejudica os negócios, sem contar da importância do profissional de ciências agrárias pensar além da remuneração.
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Neste mundo de paradoxos, a inovação não é apenas uma forma de aumentar os lucros, mas muitas vezes de criar novos espaços, novas mentalidades, uma maneira diferente de encarar o mundo, mesclando motivação, realização, compromisso. Que eles encontrem esse lugar e sejam felizes, ainda mais se fizerem isso também para outras pessoas ;)
*Lucas V. de Araujo: PhD em Comunicação e Inovação (USP)
Jornalista Câmara de Mandaguari, Professor UEL, parecerista internacional e mentor de startups