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Entrevista com a poeta Francine Cruz

28 jul 2021 às 10:05

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Entrevista com Francine Cruz, criadora do Canal Senhora Literatura


Nossa entrevistada é a escritora e professora Francine Cruz. Ela é graduada em Educação Física e Letras Português Inglês, doutoranda em Educação (UFPR). É autora, entre outros, dos livros Amor, Maybe (Ícone, 2011), Educação Física na Terceira Idade: Teoria e Prática (Ícone, 2013) e A Casa dos Dois Amores (AudioLivro, 2014). Criadora e apresentadora do Canal Senhora Literatura no Youtube, integrante dos Coletivos Marianas e Vozes Escarlate. Recebeu o prêmio Agente Jovem de Cultura do Ministério da Cultura (2012).

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Fale um pouco de seu início como poeta. Quando começou a ler poemas e quando começou a escrever poemas.

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Ontem ganhei o dia (Crônica de Marli Boldori)


Quando era pequena meu avô me contava muitas histórias da tradição oral e as distrações infantis incluíam as famosas brincadeiras de roda como "ciranda, cirandinha” na qual você era desafiado a dizer "um verso bem bonito” e, para além do "batatinha quando nasce”, sempre surgiam outros versinhos interessantes. Também me recordo de ainda no início da minha vida escolar estudar Manuel Bandeira nas aulas e participar de eventos na escola declamando poemas. Conforme fui crescendo, adorava visitar a biblioteca da escola (sempre na sessão de poesia) e ler Olavo Bilac, Cecília Meireles, Gonçalves Dias, Castro Alves, Florbela Espanca, entre outros. De leitora para escritora foi um pulo, já na adolescência gostava de escrever poemas como uma forma de catarse, para superar as dificuldades do dia-a-dia. Aos 18 anos ganhei meu primeiro concurso de poesia e nunca mais parei de escrever.

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Sente a influência de algum ou alguns poetas na sua obra?


No início certamente tive muita influência de Manuel Bandeira, Vinícius de Moraes, Cecília Meireles e Drummond. Hoje em dia não tenho muita clareza sobre isso, gosto muito de ler Ana Cristina César, mas não acho que na minha escrita tenha muita influência dela.

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Fale um pouco de seu projeto "Senhora Literatura”.


O Canal Senhora Literatura foi criado em maio de 2020 e dedica-se a compartilhar experiências literárias através de resenhas de livros, dicas e entrevistas com escritores e escritoras, dando ênfase especial para a autoria de mulheres e também para autores paranaenses. Em um ano, já passaram pelo canal escritores como Andréia Carvalho Gavita, Priscila Prado, Isabel Furini, Álvaro Posselt, Otto Leopoldo Wink, Márcio Renato dos Santos e Luiz Felipe Leprevost, além de serem relembrados e apresentados a um novo público grandes autores da nossa literatura como Manoel Carlos Karam, Helena Kolody, Valêncio Xavier, Jamil Snege entre outros.
Link do Canal Senhora Literatura: https://www.youtube.com/c/SenhoraLiteratura

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Como é seu processo criativo? Para escrever um poema, por exemplo, você parte de uma palavra? De uma imagem? De uma vivência? De acontecimentos?


Para escrever gosto de ter tudo planejado na minha cabeça antes de colocar no papel. Não sou muito regrada, não tenho horário para escrever nem nada disso. O que eu preciso é de um computador com Internet, porque faço muita pesquisa enquanto escrevo, fico meio neurótica se estiver sem conexão. E também durante o processo reviso muitas vezes o texto. As vivências e os acontecimentos com certeza são inspiração para a escrita, mas gosto especialmente de criar a partir de músicas (em caso de textos mais longos) e imagens (no caso da poesia).

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Como analisa a sua própria obra. Fale de seu estilo artístico e de sua voz poética.


Minha obra é bastante diversificada, escrevo em diferentes gêneros (conto, crônica, romance, poesia, técnico e infantil) e cada um desses gêneros suscita abordagens e temas diferentes. Os romances em geral são românticos, os contos mais políticos e os poemas costumam falar do ser mulher, com todos os ônus e bônus que isso acarreta, variando entre a forma rimada ou com versos brancos, normalmente mais sucintos.

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Nesta época muitas pessoas escrevem poemas. Você pensa que essa explosão poética elevará a poesia ou a banalizará?


Acredito que a preocupação estética e literária precisa sempre estar em nossas publicações, por outro lado entretanto, cada poema acaba encontrando o seu leitor e o que pode ser banal para um pode ser de suma importância para outro, então toda poesia é bem vinda. O mundo precisa de muita poesia!

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Como faz os títulos de seus poemas? Você escolhe alguma palavra do poema, procura inspiração em outros textos ou os títulos surgem na sua cabeça?


Os títulos geralmente são a primeira coisa que surgem na minha cabeça, às vezes até sonho com eles. Depois de ter o título e em torno dele é que surgem os poemas.


Qual é a sua expectativa? Espera alguma reação específica dos leitores?


Espero que os leitores conheçam meu trabalho e, para quem quiser conhecer mais sobre meus livros, fica o convite para visitar meu site oficial (https://www.escritorafrancinecruz.com/) e outras redes sociais. Também ficarei muito feliz se mandarem seus feedbacks das leituras das minhas obras.


Segundo a sua percepção esta época de pandemia mundial é boa ou é ruim para a criação literária? Você se sente mais ou menos inspirada?


Este tempo de distanciamento social e de permanecer mais em casa se tornou uma época muito propícia para trabalhos individuais, como escrever. Tenho visto muitas pessoas canalizando toda a energia do isolamento para a literatura ou outros tipos de arte e isso é imprescindível para manter a saúde mental no meio de tantas coisas ruins. Eu, particularmente, me sinto mais inspirada a escrever desde que a pandemia começou, um sentimento de urgência em fazer aquilo que move meu coração e que, às vezes, na correria cotidiana acaba ficando para depois.


Fale de seus projetos para o segundo semestre 2021.


Até o momento, o ano de 2021 já tem sido de muitas realizações de projetos que começaram no ano passado. Tive 5 participações em Antologias Poéticas e outras ainda estão por sair. Meu romance "A casa dos dois amores” deve sair em breve, em 2ª edição e estou na fase de revisão de um romance inédito.

Essa entrevista foi realizada por Isabel Furini e publicada no Paraná Imprensa em 15 de julho 2021.


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