"Eu sei o valor de um bordado e faço questão de pagar o que cada ponto vale", diz idealizadora do projeto Bolsa de Feira
Foto:Aline Geisel
"Bolsa é feita para ser nossa amiga". Enquanto guardava o caderno de anotações, tampava a caneta e os colocava fechando a minha bolsa, a design de moda Aline Giesel, observava nossa relação acontecendo no sofá de sua sala num edifício do centro de Londrina.
A porta do elevador se abre no sexto andar e avisto o extintor de incêndio, um passo à frente e olho para o lado direito procurando o número combinado. Duas portas brancas, duas portas amadeiradas e uma porta amarela.
Toco a campainha.
Foto: Moda em Londrina
O projeto Bolsa de Feira nasceu da ideia de adaptar a sacola que levamos às feiras de rua para uma bolsa usada no cotidiano. "Venho buscando referência para este projeto desde a faculdade. Foi neste simples gesto de ir à feira com uma sacola na mão, que a Bolsa de Feira surgiu". Explica Aline.
Com o compromisso de lançar sua marca até janeiro de 2013, Aline Giesel vem adaptando seu produto em cada venda. "Eu vendo essas bolsas sob encomenda pelo Facebook e após a compra converso com a cliente para saber o que ela achou do produto. Assim consigo ir ajustando valores e conceito". Revela.
Ao lado do couro, zíper e agulhas os bordados ganham destaque sobre a mesa do ateliê. Aline carrega um laço afeito com o trabalho artesão desde a infância, quando passava as tardes bordando com avó. "Eu fui criada com as vovozinhas que passavam o dia bordando, acho que é por isso que tenho esse carinho quando vejo um bordado". Relembra.
Foto: Aline Geisel
Esta importância está diretamente ligada ao conceito do projeto. Cada produto final carrega uma Tag com o nome da bordadeira. "Essa bolsa é da Dona Iraci. Iraci é o nome da bordadeira que fez (coloca o bordado com cuidado entre os dedos e vaga por alguns segundos o olhar neles). Em cada bolsa comprada à cliente leva uma "Tag". Um livrinho que conta história da artesã". Explica Aline.
Este laço é estabelecido no dia-a-dia. "Isso faz com que o querer da artesã esteja embutido no processo de produção e interfira diretamente no produto final. É assim que consigo uma troca com as bordadeiras. Aos domingos, quando vou à feira do calçadão...". Rapidamente ela diz algo e afirma – Espera, vou pegar pra você ver. Adentra no corredor e em poucos segundo volta preenchendo as mãos com uma toalha de rosto preta com uma das pontas bordado o antigo (eterno) desenho do calçadão de Londrina.
Foto: Aline Geisel
"Olha isso! Foi a Dona Chenia quem fez. Quando eu vi só consegui dizer a ela: - Dona Chenia sua linda!". [risos]. Ela bordou o calçadão de Londrina na toalha de rosto. Há tempos havia comentado sobre o Caderno de Tendências que estava produzindo para a faculdade, o +L.
+L
Uma das disciplinas do curso de Design de Moda da Universidade Estadual de Londrina (UEL) se chama Programação Visual, lecionado pela professora Dr. Doroteia Pires.
O Caderno de Tendência é a coleta dos elementos visuais que compõem a história de um de conceito comportamental através de cores, formas e texturas. Neste registro de Londrina o café e a feira artesanal foram pontos de partida. O trabalho feito em parceria com Vanessa Israel.