Precisei ver dois capítulos da minissérie da Globo para então conseguir escrever algo. Maria Adelaide Amaral é das minhas escritoras preferidas. Queridos Amigos, a última obra que ela escreveu, certamente está entre os melhores textos originais apresentados na televisão. Porém... escrever sobre personagens reais é sempre um grande desafio. Claro que os autores escolhem uma parte a ser relatada por ser impossível contar a história toda. E essa opção é sempre muito pessoal. Sempre haverá aqueles que avaliam que determinada parte deveria estar na minissérie, outros que não.
Maria Adelaide optou por privilegiar os conflitos do casal. Escolha certeira já que os dois maiores astros da Era de Ouro do Rádio viviam como cão e gato. Está faltando porém, explicar melhor como se deu a ascensão de Dalva ao estrelato. Como antecipei, difícil agradar todo mundo.
Tudo na minissérie é muito bem cuidado. Figurino, cenário, direção de arte, números musicais. O elenco também está muito bem. Há que se destacar a entrega visceral de Adriana Esteves à personagem, bem como a boa composição que Fábio Assunção – depois de viver um tormento pessoal com as drogas – faz de Herivelto.
O que tem me incomodado são as cenas musicais do casal protagonista. Como é público e notório que os dois atores não cantam, qualquer interpretação, por mais esforçada que seja, soa falsa. Eu não consegui ver uma cena sem imaginar quem são os verdadeiros cantores que Adriana e Fábio dublam. Essa falha não foi percebida na minissérie anterior porque Larissa Maciel estreava na telinha como Maysa. Já Adriana Esteves, excelente no papel, registre-se, tinha acabado de sair de Toma Lá Da Cá. Este detalhe, porém, não compromete a excelência de todo o trabalho. E ainda mais que a Globo tomou a boa decisão de não fazer obras longas no formato de minissérie, o que nos permite acompanhar o desenrolar da trama com mais atenção. Mais uma vez a emissora começa bem o ano.