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Final antecipada do BBB10 é disputa ideológica

27 mar 2010 às 12:37

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Não tenha dúvida: o vencedor do paredão de hoje levará pra casa 1,5 milhão de reais. Eu nunca tive o BBB como um programa preferido por achar que as discussões lá dentro eram sempre rasteiras, pobres e, como disse o próprio diretor do programa, uma seleção do que há de pior na sociedade. Talvez ele tivesse ironizado, mas está registrado nas muitas falas usadas exclusivamente para mobilizar a audiência. Para que o público pudesse escolher o "menos ruim" desta suposta representação do mundo aqui fora.


Ontem, depois de ler muitos recados na página de Dicésar no Orkut, fiquei chocado com o grau de violência dos manifestantes. Sim, acredito que eles podem mesmo matar. E espero que se faça algo antes que o leite seja derramado. Leite aqui significa sangue.

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Toda esta raiva contra o Dicésar vem do preconceito adormecido em toda a sociedade. E que foi acordado pelas palavras e atitudes de Marcelo Dourado ao longo de toda a edição. Ontem, ao ver as imagens dele socando a terra depois de ser derrotado na prova do líder, percebi que, de fato, ele não tem nada de desportista. É um simulacro de si mesmo. Como o escorpião que, mesmo ciente do poder da ferroada, acaba ferindo quem lhe atravessa o caminho porque o ferrão faz parte da sua própria natureza.

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Dourado perdeu por si só, por não resistir à pressão, sem que qualquer outro candidato lhe atrapalhasse diretamente. E mais: perdeu para uma mulher, que ele mesmo considera patricinha. O orgulho de macho foi ferido na alma.
Tempos atrás discuti com uma amiga sobre homofobia. Ela argumentou que os gays sempre se vitimizam com isso. Ela tem razão. E por um motivo simples: gays foram mortos somente por serem gays. E não só eles. Negros e mulheres também. São minorias e devem ser protegidos, sim. É um medo legítimo. Apenas para registro, em 2005, quando eu morava aí em Londrina, um jovem de 19 anos foi surrado por toda a família ao anunciar que era gay. E posso garantir que não foi um tapinha, ok?

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Portanto, a discussão é muito ampla, mas deve sempre buscar a proteção dos mais fracos. Alguém aí acreditava que uma terceira pessoa pudesse ter entrado no apartamento, olhado a menina Isabela e decidisse jogá-la lá de cima, do nada?



Posso até estar divagando, exagerando. Mas o público não pode deixar que a intolerância prevaleça. Se nos indignamos com um ex-deputado que, bêbado e em alta velocidade, mata duas pessoas, com torcedores fanáticos e descontrolados que matam alguém no campo de futebol, não podemos incentivar alguém que não tem fé nas pessoas.



É legítimo disputar a chance de ficar milionário, participar do jogo. Mas para isso, não é preciso passar por cima de ninguém. As palavras de Dourado objetivam humilhar e despersonalizar a existência de Dicésar por ele ser gay assumido. Talvez como façam os agressores de mulheres, que minam as forças delas, principalmente a psicológica, motriz de todas as demais.


Pense nisso. E seja agente da não violência.


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