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O brasileiro complacente também é bandido

01 set 2010 às 23:32

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Vi hoje no Paraná TV, segunda edição, uma reportagem do Fernando Parracho. Não sei se ela foi transmitida para todo o Estado. De qualquer forma, você pode espiá-lo agora:

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A notícia era sobre um grupo de pessoas que ficam nos terminais de ônibus urbanos em Colombo vendendo as passagens mais baratas. Ao invés de pagar R$ 2,20 de tarifa, a pessoa deixa R$ 2,00 e o "vendedor" passa o cartão no leitor, liberando a catraca para o usuário. Tudo isso num espaço público, administrado pela prefeitura. Como acredito em duendes, posso imaginar que até a realização da reportagem, certamente nenhuma autoridade sabia do problema.

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O repórter entrevista um "cidadão", que afirma: os cartões são roubados e, por isso, são vendidos mais baratos. Em nenhum momento sente-se constrangido por colaborar com a infração. O tal grupo também consome maconha, como as câmeras flagram, na maior cara dura, sem nenhum pudor.

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Se tem algo que me incomoda no comportamento coletivo, é esta insaciável vontade de tirar proveito de tudo. As pessoas querem ter o maior lucro do mundo, com o menor esforço possível. Ninguém se dá conta que, ao ser conivente, acaba colaborando mais e mais para que os crimes se perpetuem.



Talvez seja isso que explique a facilidade com que esquecemos e "perdoamos" os políticos corruptos, aqueles que nos roubam de maneira disfarçada, posando de bons moços e baluartes dos bons costumes, bem como da ética e do respeito à coisa pública. Imagino que é esta nossa propensão ao "se dar bem" que torna a nossa moral tão elástica a ponto de relevar das mínimas às grandes atrocidades.



No meu tempo de repórter, certa vez entrevistei um detetive que atua em Londrina. À época, em 2001, ele me disse que com apenas R$ 5,00, conseguia entrar em qualquer prédio da cidade e instalar câmeras, principalmente para flagrantes amorosos. Os porteiros deixavam-se "convencer" por essa mixaria.
E com exemplos assim, de pouco em pouco, forma-se uma rede de corruptos, não importa a proporção.


A reportagem de Fernando Parracho fala em prejuízo de R$ 3 milhões de reais por mês, por conta da tal "facilidade" em passar na catraca. O que as pessoas não percebem que este prejuízo acaba sendo pago por nós mesmos, porque certamente a empresa que faz o transporte coletivo deve encontrar uma maneira de embutir as perdas no preço da tarifa. E assim vamos nos enganando. Até quando?


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