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Nós somos os Joões

31 dez 1969 às 21:33
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A sociedade absolveu nesta quarta-feira, no Rio, o cabo da PM Wiliam de Paula, que em julho deste ano, junto com um colega soldado, atirou 17 vezes contra o carro em que estava o menino João Roberto Amorim, de apenas 3 anos, a mãe Alessandra Amorim e um recém-nascido. Ele era acusado de homicídio duplamente qualificado e de tentativa de homicídio, o que daria até 30 anos de cadeia.
No juri, os policiais repetiram a história de que perseguiam assaltantes e teriam confundido os carros.
Pois é. Nesta quarta-feira, sete membros da nossa sociedade foram convocados para decidir se o PM era culpado ou inocente. E, por 4 votos a 3, decidiram que o PM não teve qualquer culpa pelo assassinato de um menino de apenas três anos. É até permitido que ele cometesse um erro e confundisse os modelos dos carros, mas daí disparar 17 vezes contra um carro, sem que ninguém revidasse... Acho que o que cada pessoaexige de um policial é, no mínimo, que ele consiga tomar decisões equilibradas, mesmo nos momentos de maior tensão. Claro que o Estado também merece ser citado por não oferecer um treinamento continuado para sua tropa, mas só isso não explica a conduta desastrosa do cabo.
Mas, alheia a tudo isso, a maioria dos jurados decidiu que ele não teve qualquer culpa. Foi condenado a três anos por lesão corporal contra a mãe e o irmão de João Roberto, porque um dos tiros atingiu o vidro e os estilhaços feriram mãe e filho.
Francamente. Não dá para aceitar uma situação destas. Alguma coisa está muita errada que faz a gente assistir paralisado a tudo isso. E olha que a morte de João Roberto dominou por várias semanas o noticiário nacional.
A frase mais lúcida sobre este veredito foi falada ontem pela mãe de João Roberto: "foi como se meu carro estivesse sendo metralhado de novo." E, nós, Amanda, somos os Joões que continuamos morrendo todos os dias sem reclamar por Justiça.
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