O ano de 1994 foi muito importante para mim. Comecei a me descobrir como cidadão. Nessa data eu entrei para a pré-escola. Lá, aprendi a escrever, colorir, tive as primeiras noções de política e a reconhecer os primeiros super-heróis. Mas os de carne e osso. Não aqueles que desenhos animados retratavam. É claro que nesse ano soube que a seleção brasileira de futebol era a melhor do mundo e que o Ayrton Senna era "foda". Lembro-me que a paixão pelo automobilismo e o futebol movimentava as brincadeiras da molecada.
Tenho perpetuado na minha memória uma calça de moleton. Ela tinha algo escrito e o número 33 numa das pernas. Com o meu pouco conhecimento acadêmico, sobre a minha bicicletinha com rodinhas, eu falava que aquela era a minha calça de "piloto" de Fórmula 3. Pira de criança total.
Meus amigos e eu éramos fãs do Senna. Na verdade, nem sabíamos ao certo a dimensão que aquele cara tinha diante do mundo. A gente tinha noção de que ele era brasileiro e, que ganhava muitas corridas. Só isso. Eram apenas informações fragmentadas pela televisão e por adultos bairristas.
Lá na quadra da pré-escola Célio Guergoletto, disputávamos para ver quem seria Senna nas brincadeiras. E a nossa corrida era a pé. Quando não, com carrinhos de frisson, faltando roda, só o pó. Acho que desde então me apaixonei por velocidade. Só que em 94, Senna morreu. E ai, mais um aprendizado. O de tristeza e, até certo ponto, de saudades de alguém que eu mal conhecia.
Depois de sua morte, acompanhei algumas corridas de forma superficial. Via porque eu achava muito bom quando aconteciam ultrapassagens e, quando os carros batiam e se espatifavam, o que era muito comum naquela época. Acho que todas as crianças tiveram esse gostinho de iniquidade uma vez na vida. Mas eu cresci, amadureci e, aprendi a assistir corridas de outra forma. Acompanhava os GPs como torcedor. Só que com a morte do Senna, o pífio desempenho dos brasileiros na categoria me afastou do esporte.
Depois de algum tempo veio a era do Schumacher na Ferrari. Voltei a acompanhar o esporte. Eu gostava de ver o alemão pilotar. Gostava do seu estilo "Dick Vigarista" de guiar. Só que é claro, quando o duelo envolvia brasileiro, ai a torcida mudava de lado. Mas o meu sentimento é que a F1 nunca foi a mesma sem Senna em cena.
Em 2006 eu comecei a faculdade. Era um moleque de 17 anos, que mal sabia o que era jornalismo. Ainda não tinha muita noção em que área iria atuar no campo da comunicação. E foi na faculdade que conheci o meu amigo Bruno Ferreira. Com mais cara de irresponsável do que eu, ele era um aficionado por F1. Daqueles que sabe tudo e que nunca perdeu um GP na vida. Foi então que eu comecei também a acompanhar com mais critérios a F1. E não nego, aprendi muita coisa com ele.