ABRAHAM SHAPIRO
Em maio deste ano, numa conferência da Sociedade Britânica de Economia, dois
israelenses apresentaram um estudo mostrando que a beleza ajuda homens e
prejudica as mulheres na hora da seleção para um emprego.
O estudo, iniciado na década de 1970, mostra que os belos ganham mais e são
promovidos mais rapidamente. A diferença que os israelenses apontam é a questão da
suposta discriminação das mulheres bonitas na hora da escolha, reduzindo suas
chances de contratação em até 30%.
A hipótese formulada para explicar os resultados é polêmica. Como a área de recursos
humanos tem mão de obra predominantemente de mulheres, o motivo é a inveja
feminina. De fato, no Brasil, pesquisa do Portal Catho Online, com 200 mil empresas
cadastradas, mostrou que elas são 60% da mão de obra da área.
A Fundação Getúlio Vargas realizou levantamentos sobre a influência da estética
feminina no mercado de trabalho. Um deles, com 15 executivas, demonstra que ser
bonita demais é prejudicial. Depende do perfil da empresa. Mas um dos trabalhos
afirma que é tênue a linha entre a vantagem e a desvantagem da beleza.
Há o caso de uma jovem muito bonita, tipo modelo, que um gerente queria contratar. O
diretor da empresa vetou a admissão com a justificativa de que o gerente não
conseguiria se concentrar.
Todas as entrevistadas de uma das pesquisas da FGV afirmaram que preferiam ter um
gestor homem. Uma delas declarou: "As mulheres caem fácil na falsidade e na inveja.
Quando tive uma chefe mulher, precisava pensar muito para falar, e não podia ser
direta, pois tinha medo de como seria interpretada."
O assunto é polêmico e põe o antigo adágio de que "beleza não se põe à mesa" sob
suspeita. Não é para menos. Num mercado de trabalho onde as mulheres ainda
ganham em média 25% menos que os homens, imagine o que não há de polêmico e
sequer foi ainda levantado?
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua
filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos:
[email protected] ou (43) 8814 1473