Artigo publicado no
jornal FOLHA DE LONDRINA, em 10/10/2011, na coluna ABRAHAM SHAPIRO, em
Empregos e Concursos
ABRAHAM SHAPIRO
É certo que nós, brasileiros, temos uma facilidade enorme de ir dos oito aos oitenta
num piscar de olhos. Talvez seja a predominância do clima tropical ou a etnia. Mas
distanciar-se do ponto de equilíbrio às vezes pode comprometer a situação de modo
injustificável, quando não irreversível.
Na ocasião em que o ex presidente Lula quis comprar uma aeronave para suas
viagens, a opinião pública se mostrou contrária ao gasto de 57 milhões de dólares. No
ápice das discussões os jornais noticiaram algo que, de certa forma, moderou as
críticas até fazê-las desaparecer. O presidente Lula calou as argumentações
declarando que a decisão era sua, e ponto final. Ele acabou determinando, inclusive,
qual avião mais convinha ao Brasil.
O que fez Lula? Algo comum na política e aparentemente ausente na área empresarial.
Digo "aparentemente" porque o empresário tem mania de querer parecer-se diferente
do político. No fim das contas, porém, as táticas de argumentação na política e na
empresa pouco diferem entre si.
Do que estou falando? Após um soco na mesa do presidente Lula tudo mudou na
questão da aeronave, que logo cruzava os ares do planeta batizada com o apelido de
Aerolula.
É senso comum que o soco na mesa é uma desprezível forma de mostrar força. Mas há
momentos em que só um soco na mesa impõe medo em adversários e desafetos. E
eles não são uma exclusividade da política. Pelas empresas onde passo encontro ao
menos 30% do pessoal disposto a puxar os planos para baixo ou no sentido contrário
ao rumo que a inteligência e a estratégia apontam. Nestas horas a contrariedade
ultrapassa a medida, a divergência cresce, os envolvidos mostram-se teimosos acima
dos níveis suportáveis pelo caixa ou pela paciência dos demais. É quando um soco na
mesa faz toda a diferença.
Se isto já aconteceu na sua companhia, não se assuste. É normal. Do contrário,
verifique se você não tem estado em um mosteiro em vez de sua empresa. Pois se o
pessoal é tão comtemplativo e reflexivo a ponto de jamais precisar de um soco na
mesa, está perfeitamente explicado seu desinteresse por fazer negócios.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua
filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos:
[email protected] ou (43) 8814 1473