Artigo publicado no
jornal FOLHA DE LONDRINA, em 14/11/2011, na coluna ABRAHAM SHAPIRO, em
Empregos e Concursos
ABRAHAM SHAPIRO
É interessante como varia o padrão estético dos negócios de cidade para cidade. A
poucos quilômetros de distância variam o referencial e a percepção de beleza tanto no
arranjo de espaços quanto na oferta de produtos, edificações, atendimento e, como é
de se prever, também nos resultados obtidos.
São Paulo, por exemplo. Organização, marcas, ambientação, e oferta de produtos
respeitam linhas internacionais. Uma loja paulistana de nível nada deve às de Nova
Iorque, Londres ou Beverly Hills.
Londrina também surpreende positivamente. Respeitadas as proporções de
distribuição de renda local e capacidade de investimento, o comércio guarda uma
respeitável relação de ambiente e oferta de produtos com grandes cidades. Destacam-
se os setores de alimentos, bebidas e modas. Há capitais importantes do país que não
se equiparam a Londrina.
Já não é o que se observa em cidades menores. E nada tem a ver com o montante de
investimento. É curioso. Mesmo consumindo pequenas fortunas, o que resulta é quase
sempre um quadro fraquérrimo na qualidade de produtos e atendimento.
Constatei na prática, dia desses. Entrei numa grande padaria e confeitaria de uma
cidade próxima a Londrina. Arquitetura moderna, espaços dimensionados, lay out de
balcões, geladeiras e mesas belíssimo. Atendimento? Miserável. Produtos? Grosseiros e
mal elaborados. Preços? Nas nuvens. Presunçosos.
Os investidores, no mínimo, são daquele tipo que associa glamour a "enfiar a faca no
cliente", e não a benefícios reais e diferenciação. "Ruinzinho, mas espertinho" é o
resumo da ópera. Se eu não conferisse a conta do café horrível com nome francês de
que consumi menos da metade da xícara, teria pago o item em duplicidade, pois a
atendente era analfabeta funcional e desconhecia completamente o sistema de
registro de consumo. Bom ou mau? Só sei que lá eu não volto mais! E apesar de não
poder publicar o nome do boteco de luxo, deixo aberto meu e-mail para quem desejar
fazer suas tentativas de adivinhação. Saberei, assim, quem são as pessoas realmente
exigentes de seus direitos.
São estas situações que permitem a qualquer cinquentão – como eu – profetizar com
precisão de horas a bancarrota de um negócio. Bem feito para os teimosos que
desprezam treinamento, satisfação de clientes, propaganda e atitudes que poderiam
salvá-los da desgraça com maior efetividade do que apenas ter dinheiro para manter
suas péssimas empresas de portas abertas.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua
filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos:
[email protected] ou (43) 8814 1473