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QUE MUNDO É ESTE?

07 out 2012 às 21:00

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ABRAHAM SHAPIRO





PENSE em quantas pessoas estão
encantadas com um texto sagrado neste momento!


PENSE em quantas pessoas estão com
suas Bíblias abertas, fazendo descobertas ou encontrando revelações e soluções
definitivas para seu autodesenvolvimento, comportamento ético,  relacionamentos sociais e trabalho!


PENSE em quantos estudiosos estão
aprofundando suas visões, debruçados sobre um pequeno texto ou uma simples
palavra, relacionando-o com histórias, lendas e fábulas milenares que farão
dele um veículo de sensibilização a pessoas simples, que por sua vez, ficarão
admiradas ao acessá-lo e se sentirão verdadeiramente seduzidas pelas imagens,
ideias e mensagem que o compõem.




Frente a todo este volume de
sabedoria rigorosamente investigada, avaliada e divulgada –  hoje, de um modo tão estupendo como jamais se
viu antes em toda a história –, o que explica o mundo continuar sendo um lugar
de guerras, crimes, concorrência desleal, acusações infinitas, julgamentos
injustos, sangue, destruição e exploração? As proporções, intensidade  e extensão de todas as desgraças só aumentam
a despeito de toda a proliferação das religiões e ideologias santas.


Eu escrevi um livro. Recentemente o
publiquei. Muitas pessoas o leram. Elas o recomendaram ou presentearam seus
amigos com ele. Recebi menifestações de carinho dos leitores em quantidade
suficiente para me alegrar e sentir-me satisfeito com a minha obra. E na
verdade gostei de todas. Mas não consigo ter a sensação de "alvo atingido". Eu
errei. E errei deploravelmente.


Costumo dizer que meu estilo de
escrita segue a linha de camuflagem. Eu sou eminentemente provocativo. Na minha
consultoria e nas orientações que ministro aos líderes empresariais eu sou permanentemente
desafiador. Mas para não despertar a rejeição do leitor, que busca uma leitura
simples e fácil, eu dissolvi cada motivação e lição profunda num meio de histórias
e contos curtos, de modo a torná-los agradáveis e digeríveis.


Meu objetivo, porém, manteve-se como
sendo levar as pessoas a uma autoanálise do tipo: "Até hoje agi de modo a não
beneficiar o meu desenvolvimento pessoal. A partir de agora vou mudar meu
comportamento e anexar uma conduta que o favoreça".


Ao longo de anos como coach de
executivos e instrutor de gerentes, profissionais liberais e pessoas comuns, vi
que a maioria massacrante deles não estuda nem desenvolve suas visões através
da reflexão. Eles criam conceitos pessoais sobre as coisas que vivem sem buscar
conhecer sequer o significado das palavras que resumem seus estados num simples
dicionário. Sentem ciúme, por exemplo, mas não sabem o que é com clareza.
Desejam desenvolver suas carreiras profissionais, porém desconhecem "o que", "como"
e quais quesitos são necessários para que isto ocorra.  E prosseguem por anos e décadas seu trajeto como
vítimas de sua própria desgraça: "olhar somente para seus julgamentos e
conclusões".


Foram estas as defasagens que eu transformei
em livro – simples de entender e fácil de ler.


Sabe o que ouvi dos meus leitores?
"Seu livro é lindo"; "é uma proposta maravilhosa de vida"; "faz muito bem ler
uma página por dia mesmo quando o abro ao acaso". Ninguém mencionou provocação
alguma. Ninguém citou "mudança de comportamento" ou de premissa. Não houve um
só depoimento que declarasse ter sentido a minha invasão grosseira à
individualidade ou modo de ser do leitor, e o fizesse revoltar-se, ao final,
contra sua conduta viciada e paralisante.


Por quê?


Com a mais respeitosa separação
entre a Bíblia – que é tudo –  e o meu
livro – que é nada –, as pessoas sabem identificar a beleza. Mas elas só sabem
achar bonito e se empolgar. Elas apenas se deixam encantar, mas aí ficam. Elas
não progridem para o próximo nível. No instante seguinte, quase todas  prosseguem em
sua pequenez, em seu modelo egoísta de existir, tapadas, ignorantes e
enraizadas num solo árido e pobre, de onde nada extraem, e que fará suas almas
morrerem de inanição de sentido ou propósito.


Deixar-se encantar, enxergar a
maravilha, emocionar-se com a beleza, e não se perguntar: "Ok! O que farei a
respeito?" é nada mais que reforçar as próprias crenças, modelos mentais,
premissas e imaginação infértil, solidificando-os, sem jamais submetê-los a um julgamento
e perdendo, assim, a grande chance de mudar para melhor.

O resultado? É o mundo que aí está!


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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. É autor do livro "Torta de Chocolate não Mata a Fome - Inspirações para a Vida, o Trabalho e os Relacionamento", editora nVersos, 2012. Contatos: [email protected] ou (43) 8814 1473


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