Edmar Almeida, professor do Grupo de Economia de Energia da UFRJ, considera inconsistente a estimativa de R$ 88,6 bilhões em ativos sobreavaliados da Petrobrás e acredita que, até que se chegue a um número factível com a realidade, o tema será utilizado politicamente contra a petroleira.
Qual sua leitura sobre o balanço do 3º trimestre da Petrobrás?
A primeira é que, ao não divulgar as baixas contábeis provocadas pela corrupção, a Petrobrás contribui para aumentar a incerteza e a ansiedade do mercado com relação à sua capacidade de entregar um balanço anual auditado. Continua o cenário de incerteza em relação às consequências da Operação Lava Jato. O balanço demonstrou também que a trajetória é de deterioração da situação financeira da empresa. Ainda no período em que o barril do petróleo estava elevado e o câmbio mais favorável, os números pioraram. A dívida aumentou. Isso gerou uma percepção negativa de que o resultado do quarto trimestre, com câmbio e o barril desvalorizados, pode vir ainda pior.
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A desvalorização do petróleo não tem ajudado a Petrobrás?
O que mais preocupa não é o barril, mas o câmbio, porque 80% da sua dívida está em dólar. A empresa vive de favor. O governo está deixando a Petrobrás praticar preços mais altos que os do mercado internacional. Por isso, a situação ainda é favorável. Mas o cenário é de incerteza, o governo pode mudar a política de preços dos combustíveis a qualquer momento.
A divulgação de um sobrepreço de R$ 88,6 bilhões não dá uma dimensão ao mercado das perdas com a corrupção?
Não apostaria nesse número. Tecnicamente, é muito difícil estimar a real baixa de ativo associada ao problema de corrupção. Outra possibilidade seria estimar adequar o valor dos ativos no balanço ao valor de mercado. Isso dá para ser calculado. Mas, chegar a um número relativo exclusivamente à corrupção, é complexo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.