Um bebê morreu e pelo menos outras 16 pessoas ficaram feridas ontem ao serem atropeladas no calçadão da Avenida Atlântica, em Copacabana, zona sul do Rio, depois que um motorista perdeu o controle de seu carro, por volta das 20h30, na altura da Rua Figueiredo de Magalhães. O automóvel invadiu a calçada e a areia.
O carro - um Hyundai HB20 preto - era dirigido por Antônio de Almeida Anaquim, de 41 anos. Ele afirmou à Polícia Civil ser epilético e ter sofrido um desmaio. Até a 0h30 de hoje não havia detalhes sobre o estado de saúde das vítimas nem o número exato delas.
Segundo testemunhas, o veículo desgovernado atravessou tanto a ciclovia como a calçada e só parou quando já estava com as quatro rodas sobre a areia. Antes da chegada da polícia, pedestres que estavam nas imediações chegaram a agredir o motorista, que tentou fugir para se proteger. Quando os policiais militares intervieram, Anaquim foi detido e conduzido para prestar depoimento na 12.ª DP (Copacabana).
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Segundo os PMs, dentro do carro de Anaquim havia medicamentos para epilepsia. Após prestar depoimento, ele seria levado ao Instituto Médico-Legal (IML) para realizar exames de saúde que poderiam comprovar problema médico. Pessoas epiléticas podem dirigir automóveis, desde que comprovem não sofrer crises frequentes.
O coronel Murilo Angelotti, comandante do 17.º Batalhão da PM, em Copacabana, informou que Anaquim relatou ter sofrido um "apagão". Testemunhas também contaram que, ao descer do veículo, Anaquim estava "meio parado" e "não esboçava reação".
Bebê. No fim da noite, foi confirmada a morte de um bebê, Maria, de 8 meses. Ela foi levada à Unidade de Pronto Atendimento de Copacabana, mas não resistiu aos ferimentos.
Segundo o pai de Maria, o motorista de Uber Darlan Rocha de Azevedo, de 27 anos, a mulher dele, Miedes Araújo da Silva, de 23, está internada em estado grave no Hospital Municipal Miguel Couto. O hospital não confirmou o quadro de saúde dessa paciente.
Segundo Azevedo, Miedes não costumava levar o bebê ao calçadão, mas havia feito isso na noite de ontem para passear juntamente com a mãe dela (avó de Maria), que tinha chegado do Recife para visitar a neta. "Eu estava trabalhando, minha mulher estava passeando com minha filha no calçadão, com o carrinho de bebê, e a avó", disse. O casal tem outro filho - Maria era a caçula - e mora em Copacabana.
"Nem sei como estou falando com vocês", afirmou aos jornalistas, desolado, na porta da 12.ª DP. "Tem epilepsia e tem carteira de motorista, como pode? Ele (o atropelador) é um assassino, não era para ter carteira de motorista. Minha filha morreu, como vou ficar agora?"
Uma tia do bebê, Solange Maria Marcos, criticou o atropelador. "Na hora ele fugiu e não prestou socorro. Agora vem com um monte de remédios, vem dizer que é doente. Nunca vi uma pessoa doente ter uma habilitação. Agora vai sair daqui, dormir no ar-condicionado, enquanto o pai da Maria vai ficar chorando".
Vítimas. De acordo com os bombeiros, entre os feridos havia mais quatro crianças, duas em estado grave. Todas receberam atendimento de emergência no local e depois foram encaminhadas para hospitais da região pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Nove feridos, entre eles sete adultos e duas crianças, foram levados ao Hospital Municipal Miguel Couto, no Leblon, na zona sul. Segundo o hospital, a vítima mais grave internada na unidade teve traumatismo craniano. Outra sofreu fratura exposta e passava por uma cirurgia na madrugada de hoje. Outros feridos foram levados ao Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro da cidade.