Após sete dias de motim de policiais militares, o número de mortes violentas no Espírito Santo subiu para 127, 10 ontem, segundo o Sindicato de Policiais Civis. Em fevereiro de 2016, houve 122 homicídios. Apesar das tropas federais, a maioria das escolas, unidades de saúde e bancos seguiu de portas fechadas. Ônibus tiveram circulação restrita. O movimento nas ruas de Vitória era praticamente de carros particulares e táxis. O Estado já tem pelo menos 300 lojas saqueadas e 666 veículos roubados e furtados.
Segundo o presidente do sindicato de policiais civis, Jorge Leal, houve 522 roubos e 144 furtos registrados nas delegacias. A média, diz ele, é de 550 veículos roubados por mês.
Uma auxiliar de serviços gerais, de 43 anos, pilotava a sua moto em Vila Velha, quando foi rendida por bandidos armados. Eles ordenaram que descesse do veículo e entregasse as chaves, sob ameaça de morte.
"Foi um momento de terror. Ainda não paguei a moto e me senti impotente. Era meio-dia quando aconteceu, mas não tinha ninguém na rua, estava tudo deserto. Fiquei com medo de gritar e morrer ali", contou.
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A enfermeira Fabíola Machado, de 33 anos, conseguiu recuperar o carro, roubado na última segunda-feira. Ela foi rendida por dois ladrões quando estacionava o veículo em Vitória. "Mantive a calma e entreguei tudo, afirmou.
"Divulgamos a placa do nosso veículo na internet e conseguimos localizá-lo. Ele estava sem gasolina em uma estrada no município da Serra (Grande Vitória)", relatou Fabíola.
Uma operação da Polícia Civil feita na manhã de ontem apreendeu 32 veículos roubados em municípios da Grande Vitória. A quantidade é duas vezes a mais do que é recuperado, em média, em todo o Estado a cada dia.
Já a Federação do Comércio de Bens, de Serviços e Turismo do Estado estima prejuízos de R$ 180 milhões com os saques em lojas. Esse cálculo não considera ainda o dinheiro perdido com os dias parados.
A entidade ainda conclamou empresários a voltarem ao trabalho na segunda, "munidos de coragem, guarnecidos que estarão pelas forças federais".
Transtorno
Nas ruas da Grande Vitória, bancos estão fechados. Para pagar contas, é preciso recorrer a locais, como supermercados, onde é possível pagar contas, o que gera enormes filas.
"Estou cheia de contas para pagar, sem dinheiro e ainda falta comida em casa. Minha filha me pede para tomar leite e nem isso tenho para oferecer a ela", contou a empregada doméstica Daniela Nascimento.
A família está sob alerta. "Quando ouço qualquer barulho, eu me escondo com minha filha. É desesperador", afirmou Daniela, de 44 anos.
A Universidade Federal do Espírito Santo adiou a matrícula presencial de estudantes aprovados pelo Sistema de Seleção (Sisu), prevista para semana que vem.