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Champinha

Internação de jovem condenado por crime brutal custa R$ 30 mil por mês aos cofres públicos

Agência Estado
25 nov 2015 às 11:04

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A internação de Roberto Aparecido Alves Cardoso, de 28 anos, o Champinha, na Unidade Especial de Saúde (UES), na zona norte da capital, custa cerca de R$ 30 mil mensais aos cofres públicos. Ele e mais dois internos dividem um espaço construído para atender 40. Nos gastos estão incluídos despesas com segurança 24 horas, enfermeiros, médico, psiquiatra, funcionários do setor administrativo e de limpeza, além do pagamento da alimentação, que é terceirizado, e a manutenção das cinco casas que podem abrigar até oito pessoas cada uma.

A UES é vinculada à Secretaria Estadual da Saúde e tem a finalidade de abrigar internos com grau elevado grau de psicopatia, além de oferecer alto risco de morte a outros internos e à própria sociedade se conviverem no mesmo espaço. O tempo de internação é determinado pela Justiça a partir de laudos médicos. Champinha está lá desde 2007, um ano depois da inauguração da unidade.

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Em 2003, quando estava com 16 anos, Champinha foi detido junto com outros quatro homens acusados de matar o casal Liana Friedenbach, de 16 anos, e Felipe Caffé, de 19, em Embu-Guaçu, na região metropolitana de São Paulo. Eles foram rendidos pelo grupo enquanto acampavam e submetidos a sessões de tortura antes de serem assassinados. Caffé foi morto a tiros na frente da namorada que, antes de ser morta dias depois, foi estuprada por Champinha. Segundo investigações da Polícia Civil, o menor liderava a quadrilha.

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Champinha foi condenado a ficar internado por três anos na Fundação Casa, que é o tempo máximo determinado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Um pouco antes do término do prazo, o Ministério Público conseguiu que a Justiça determinasse a interdição civil de Champinha. Um laudo psiquiátrico do Instituto Médico-Legal (IML) diz que Champinha tem características de um psicopata, pois apresenta transtorno de personalidade antissocial e leve retardo mental, sendo capaz de cometer atos irracionais para ter o que deseja. O parecer diz ainda que Champinha não sente culpa de nada e é uma pessoa extremamente impulsiva.

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Em março, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que Champinha continue internado e receba tratamento na UES. A defesa queria que ele recebesse tratamento em casa. Em agosto, o juiz Willi Lucarelli - que cuida do processo em Embu-Guaçu - realizou uma audiência na qual ouviu peritos, médicos e outros profissionais envolvidos no caso, após um laudo médico sobre a saúde mental de Champinha apresentar contradições. O magistrado relatou que a perícia constatou que a internação não melhora o tratamento e que Champinha apresenta condições, mínimas, de controlar seus impulsos. Mas diz também que ele representa risco à sociedade e periculosidade para outras pessoas com predisposição de se envolver em atos violentos. No final, a decisão foi de mantê-lo internado.


Diferenciado

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O psiquiatra forense Quirino Cordeiro, que também é professor de psiquiatria da Santa Casa de São Paulo e da Unifesp, acredita que Champinha está internado até hoje por causa da repercussão da morte do casal Liana e Felipe e não por critérios médicos. Segundo ele, não há na psiquiatria tratamento para psicopatas com as características de Champinha. "Não há como reverter o quadro de alguém que tem esse transtorno, que age com frieza, crueldade e não sente absolutamente nada". Cordeiro questiona o motivo de outros internos da Fundação Casa, que cometeram crimes tão graves quanto o de Champinha, não receberem a mesma atenção do poder público. "Parece que há critérios diferenciados para internação.
Outros internos que passaram pela UES com um quadro tão grave quanto o dele ficaram um tempo e saíram. Os próprios laudos sobre ele são contraditórios. É preciso abrir uma discussão séria sobre essa questão".


Cordeiro escreveu o livro "Medida de Segurança - Uma questão de Saúde e Ética" junto com o também psiquiatra forense Rafael Bernardon Ribeiro, que também foi diretor da UES, no começo da década. Procurado pela reportagem Ribeiro preferiu não dar entrevista.


A promotora Maria Gabriela Prado Manssur, que atuou no caso durante oito anos, defende que Champinha permaneça internado. "Laudos assinados por médicos afirmam que ele oferece risco à sociedade se for solto por causa de problemas psiquiátricos. O Ministério Público entende que, por questão de segurança da população e do próprio Champinha, a internação é a melhor solução". Segundo ela, caso a Justiça decidisse desinterná-lo também haveria custos para garantir o tratamento e a segurança de Champinha. "Os gastos atuais podem até ser questionados. Mas é preciso que prevaleça a segurança da sociedade", afirmou.

Em nota, a Secretaria Estadual da Saúde informou que "a UES abriga internos exclusivamente por decisões da Justiça. A própria criação da unidade se deu por determinação judicial, e não por iniciativa da pasta. Portanto, quaisquer questionamentos sobre a existência do serviço e as pessoas ali internadas devem ser feitos ao Poder Judiciário. A UES mantém convênio com a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) para garantir a segurança dos internos. Eles são tratados sob orientação de um médico, dois técnicos de enfermagem, um psicólogo e uma assistente".


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