O aspirante a oficial da Marinha Jean Caleb Maroto Sousa, de 22 anos morreu sábado (24) à noite no Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio, onde estava internado desde o último dia 8 deste mês, um dia depois de passar mal durante treinamento na base do Corpo de Fuzileiros Navais, na Ilha do Governador.
Jean cursava o 3° ano da Escola Naval. No dia da instrução, ele e o também aspirante Vinícius da Silva Cunha, de 22 anos, tiveram problemas respiratórios após participar de um treinamento em que precisavam atravessar um túnel de cerca de 3 metros de comprimento com a presença de fumaça.
A Marinha informou, em nota, na ocasião, que "o exercício em questão é regular e faz parte da prática profissional naval, prevista no programa de ensino da Escola Naval, tendo sido cumprido pelos demais 32 aspirantes fuzileiros navais sem incidentes".
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Em comunicado, por meio do Comando do 1º Distrito Naval, a Marinha informou a morte do militar, na noite desse sábado. Apesar de toda a atenção médica dispensada, desde o imediato atendimento no local do exercício até os cuidados especializados recebidos no Hospital Naval Marcílio Dias, a morte foi constatada às 19h35.
"Reitera-se que as circunstâncias do fato estão sendo devidamente apuradas por meio de inquérito policial-militar já instaurado".
O presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, Wadih Damous, disse que a morte do aspirante em treinamento é "inaceitável". Ele lembrou que esta não é a primeira vez que um jovem acaba morrendo em decorrência de treinamento em academia militar e que é preciso "reformar" a formação das Forças Armadas.
"Claro que o treinamento militar pressupõe condições rudes e duras, requer uma série de habilidades e condições físicas de quem pleiteia seguir carreira militar, em contexto diferente daquela da vida civil. Agora, não pode chegar ao ponto de causar danos à integridade física dos recrutas, muito menos a morte", declarou, em entrevista à Agência Brasil.
Wadih também defendeu uma investigação criteriosa do Ministério Público Federal (MPF). "Não se pode exigir do ser humano, mesmo daqueles que pretendem ser soldados, um esforço maior do que aquilo que seu corpo pode dar. E é o que acontece nesses treinamentos".