Pesquisar

Canais

Serviços

Publicidade
Mais um ataque

'Não tem pergunta decente para fazer?', responde Bolsonaro sobre depósitos de Queiroz

Eduardo Moura - Folhapress
27 ago 2020 às 08:22
- Fábio Rodriguez Pozzebom/Agência Brasil
siga o Bonde no Google News!
Publicidade
Publicidade

Em visita nesta quarta-feira (26) à cidade de Ipatinga (MG), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se recusou a comentar os repasses de R$ 89 mil feitos à sua mulher, Michelle Bolsonaro, pelo policial militar aposentado Fabrício Queiroz, suspeito de comandar um esquema de "rachadinha" no gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio.


"Com todo o respeito, não tem uma pergunta decente para fazer? Pelo amor de Deus", disse o presidente, ao ser questionado pela reportagem se falaria desta vez sobre os depósitos de R$ 89 mil na conta de Michelle.

Cadastre-se em nossa newsletter

Publicidade
Publicidade


Neste domingo (23), durante uma visita de cinco minutos a ambulantes da Catedral de Brasília, um repórter do jornal O Globo questionou o presidente sobre os motivos para Queiroz e sua mulher terem repassado esse valor para a conta de Michelle.

Leia mais:

Imagem de destaque
Cardiologia

Nova diretriz orienta como medir pressão arterial dentro e fora de consultório para diagnóstico

Imagem de destaque
Entenda

STF forma maioria para ampliar foro especial, mas Mendonça interrompe julgamento

Imagem de destaque
Em cargas apreendidas

Inmetro desenvolve produtos para auxiliar polícia na identificação de drogas

Imagem de destaque
Tragédia

Irmãs de 8 e 4 anos se afogam na piscina de casa em Blumenau


Após a insistência do repórter, sem olhar diretamente para ele, afirmou: "A vontade é encher tua boca com uma porrada, tá?".

Publicidade


Amigo do presidente há 30 anos, Queiroz atuou como assessor de Flávio na Assembleia, quando o filho do presidente era deputado estadual. Queiroz está em prisão domiciliar e, assim como Flávio, é investigado sob suspeita dos crimes de peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro.


Na segunda-feira (24), em conversa reservada relatada à reportagem, o presidente reconheceu que exagerou na declaração, mas ele ainda não definiu se pedirá desculpas públicas. Ele tratou do assunto com ministros como Fábio Faria (Comunicações) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo).

Publicidade


Nas conversas, disse que não pretende repetir nos próximos dias a retórica inflamada, já que, na avaliação dele, ela pode prejudicar o anúncio de pautas positivas, como o Renda Brasil.


"Conversei agora com o presidente. Aviso aos torcedores do caos e do conflito diário: perderam. A paz continua", escreveu Faria nas redes sociais.

Publicidade


Bolsonaro também foi lembrado de que o aumento de sua popularidade ocorreu justamente quando ele adotou uma postura "paz e amor" e deu uma pausa em confrontos diretos com veículos de imprensa e com o STF (Supremo Tribunal Federal).


A declaração do presidente foi avaliada como desastrosa tanto por integrantes da cúpula militar como da equipe econômica.

Publicidade


Para eles, Bolsonaro criou sem motivo uma pauta negativa contra a sua própria gestão em um momento no qual ​vinha recuperando a sua imagem pública. O ideal, na opinião de assessores do governo, é de que o presidente viesse a público pedir desculpas.


Também na segunda-feira, o presidente divulgou em seu canal do YouTube um vídeo que tem sido usado por apoiadores para dizer que o profissional de imprensa teria dito ao presidente "vamos visitar sua filha na cadeia".

Publicidade


Os simpatizantes de Bolsonaro que divulgaram o vídeo dizem que isso teria motivado a resposta do presidente, sugerindo a agressão física contra o profissional.


O vídeo republicado por Bolsonaro não traz legendas e é intitulado "E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará!". Também foi publicado na conta de Facebook do vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente e influente na estratégia de mídias sociais do governo.

Publicidade


No vídeo, não consta a pergunta do repórter, mas é possível ouvir a voz de um homem não identificado que diz "vamos visitar nossa feirinha da Catedral?". Em seguida aparece a resposta do presidente: "Vontade de encher sua boca com uma porrada, tá?".


O mesmo vídeo foi utilizado mais cedo pelo portal bolsonarista Terra Brasil Notícias. O site, falsamente, identificou a fala desse homem não identificado como sendo a do repórter e indicou, também de forma falsa, que a pergunta tinha sido sobre a filha do mandatário.


Mais tarde, ainda na segunda-feira, o mesmo site publicou uma errata e reconheceu que, no vídeo, não aparecia nem a voz do repórter nem se a pergunta era sobre a filha de Bolsonaro.


Quebra de sigilo


A quebra do sigilo bancário de Fabrício Queiroz revela novos repasses do amigo de Jair Bolsonaro à primeira-dama Michelle Bolsonaro, segundo mostrou a revista Crusoé no início deste mês.


De acordo com a revista, os extratos colocam em dúvida a justificativa sobre empréstimos apresentada até aqui pelo presidente Bolsonaro. Entre as transações de Queiroz, até o momento se sabia de repasses que somavam R$ 24 mil para a mulher do presidente.


Em entrevistas após a divulgação do caso, Bolsonaro disse que o ex-assessor repassou a Michelle dez cheques de R$ 4.000 para quitar uma dívida de R$ 40 mil que tinha com ele (essa dívida não foi declarada no Imposto de Renda). Também afirmou que os recursos foram para a conta de sua mulher porque ele "não tem tempo de sair".


Mas, segundo a revista, os cheques de Queiroz que caíram na conta de Michelle somam R$ 72 mil, e não os R$ 24 mil até então revelados nem os R$ 40 mil ditos pelo presidente.


A reportagem confirmou as informações obtidas pela revista e apurou que o repasse foi ainda maior. Queiroz depositou 21 cheques na conta de Michelle de 2011 a 2016, no total de R$ 72 mil.


De outubro de 2011 a abril de 2013, o ex-assessor repassou R$ 36 mil à primeira-dama, em 12 cheques de R$ 3.000. Depois, de abril a dezembro de 2016, Queiroz depositou mais R$ 36 mil em nove cheques de R$ 4.000.​


A reportagem também apurou que a mulher de Queiroz, Márcia Aguiar, repassou para Michelle R$ 17 mil de janeiro a junho de 2011. Foram cinco cheques de R$ 3.000 e um de R$ 2.000. Assim, no total, Queiroz e Márcia depositaram R$ 89 mil para primeira-dama de 2011 a 2016, em um total de 27 movimentações.

A quebra de sigilo atingiu a movimentação financeira de Queiroz de 2007 a 2018. Nesse período, porém, não há depósitos de Jair Bolsonaro na conta do ex-assessor que comprovem o empréstimo alegado. Assim, se o empréstimo ocorreu depois de 2007, foi feito em espécie. ​


Publicidade

Últimas notícias

Publicidade