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Carnaval

Organizadores de blocos no Rio afirmam que restrições de Crivella têm fundo religioso

Agência Estado
08 jul 2017 às 09:07

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- Alexandre Vidal / Riotur
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Organizadores de blocos de carnaval do Rio temem o esvaziamento da festa nas ruas em 2018. Extraoficialmente, dizem os grupos, já foi anunciado que o número de autorizações para desfiles será reduzido pela prefeitura. Eles acreditam que por trás das decisões restritivas do prefeito Marcelo Crivella (PRB) aos blocos e às escolas de samba está sua confissão religiosa.

"É claramente uma questão ideológica do prefeito. Estão descartando o carnaval, mesmo com sua importância para o Rio, de identidade e financeira. O que a prefeitura precisa entender é que o carnaval sai, autorizado ou não", sustenta a jornalista Rita Fernandes, presidente da Sebastiana, liga que reúne onze blocos tradicionais.

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Os blocos já pediram à Riotur que seja modificado o caderno de encargos para o carnaval de rua, que reúne as regras para a organização dos desfiles. Desde 2010, o patrocinador master é a Ambev, que espalha sua marca pelos bairros. Com isso, os blocos não conseguem outras empresas que os ajudem a pagar custos como o do aluguel do carro de som, a contratação de seguranças e o pagamento dos direitos autorais pelas músicas efetuadas, que ficaram em torno de R$ 30 mil no último carnaval - potenciais patrocinadores não querem ver suas logomarcas ofuscadas pela da Ambev. Eles requerem também que caia o monopólio da Ambev para a venda da cerveja Antarctica nos blocos.

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"É muito preocupante que o prefeito, que tem essa identidade religiosa e ideológica, esteja diminuindo o carnaval. É impossível não relacionar uma coisa à outra. Crivella tem de demonstrar que seu ataque ao carnaval tem razões republicanas. A política para o carnaval tem que ser transparente. Estamos questionando o prefeito, não o bispo", argumenta o vereador Tarcísio Motta (PSOL).


Ele preside a comissão da Câmara Municipal voltada ao carnaval, e fez pedidos de informação à prefeitura no sentido de se avaliar o caderno de encargos. Acredita que seus termos direcionam o processo de escolha da empresa que organiza os desfiles - desde 2010, quem ganha a chamada pública é a Dream Factory, que conta com o patrocínio da Ambev. O caderno para 2018 deve sair nos próximos meses.

Em nota, a Riotur informou que "o único patrocinador disposto a assumir o tamanho dos encargos solicitados tem sido a Ambev", que "não há nada de ilegal no caderno de encargos, uma vez que se trata de um chamamento público", e que há prestação de contas.


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