A empresa de manutenção Helipark informa, em nota, que "causa estranheza" a Força Aérea Brasileira (FAB) fazer afirmações sobre o acidente com o helicóptero que caiu em Carapicuíba, na Grande São Paulo, no dia 2 de abril, antes do fim da investigação. Na queda, cinco pessoas morreram, entre elas o filho mais novo do governador Geraldo Alckmin, Thomaz.
Segundo a empresa, se os controles flexíveis e alavancas são fundamentais, "como afirmar que o helicóptero decolou e voou mesmo com os componentes desconectados?". A Helipark afirma que o reparo nas pás seria de responsabilidade da Helibras (fabricante) e que, pelas regras de voo, Thomaz Alckmin não poderia estar no helicóptero.
A Helibras informa que é "a maior interessada no esclarecimento das causas do acidente", mas, "por questões éticas e legais", não se manifestaria porque a investigação não é conclusiva. A empresa dona do helicóptero, Seripatri, disse que não se manifestaria.
Leia mais:
Próximo verão deve ser mais quente e chuvoso que a média na maior parte do Brasil
Aneel define que dezembro terá bandeira verde na conta de luz, sem cobrança extra
Taxa de desemprego atinge menor patamar desde 2012
Carnes de festas de fim de ano sobem 12,4% em 2024, diz Abras
Relatório
O relatório divulgado na terça-feira, 2, pela FAB, mostra que os "controles flexíveis" e as "alavancas" estavam desconectados já antes da decolagem. "São componentes mecânicos que fazem a conexão do conjunto do rotor com as pás. Essa conexão é que dá o movimento para o helicóptero", diz o especialista em segurança de voo Carlos Camacho.
Rodrigo Duarte, conselheiro da Associação Brasileira de Pilotos de Helicóptero (Abraphe), afirma, no entanto, que seria praticamente impossível a aeronave ter levantado voo sem essas duas peças - descritas como fundamentais pela FAB. "É uma condição realmente muito complexa de voo. Você tem tudo bem montado e harmonicamente balanceado e, se tira qualquer um dos componentes que fazem parte desse conjunto, o helicóptero simplesmente perde o equilíbrio. É como um carro com a barra de direção quebrada", explica.
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da FAB, que conduziu as investigações, afirmou no relatório que o exame dos destroços demonstra que os danos encontrados nos motores e pás foram consequência, e não causa do acidente.
Em 25 de abril, a coluna Direto da Fonte adiantou que a queda teria ocorrido por falha de manutenção e não por causa da soltura das pás, como se havia especulado. O voo do dia 2 de abril foi o primeiro do helicóptero após quase dois meses parado.