A morte do empresário Antônio Vinícius Gritzbach, 38, na última sexta-feira (8) no aeroporto de Guarulhos, não deve ser a única a ser contabilizada pela polícia em decorrência da delação feita por ele ao Ministério Público e à Corregedoria da Polícia Civil, segundo o advogado Guilherme Flauzino.
Flauzino foi um dos defensores de Gritzbach, de quem disse ter se tornado amigo, mas acabou renunciando ao trabalho de defendê-lo justamente por não concordar com a ideia de uma delação premiada, em razão do alto risco da ação e, em contrapartida, a falta de garantia de segurança oferecida.
"O motivo está claro. Olha o que aconteceu com ele [Gritzbach]. Desde o início, a gente sabia que isso não era uma boa ideia. Quem participou corre risco. Eu estou tranquilo, né? Nós aqui estamos tranquilos, porque a gente não participou dessa delação", afirmou o advogado.
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O ex-defensor do empresário e corretor de imóveis passou atuar, agora na defesa de 3 dos 5 policiais militares envolvidos diretamente na escolta da família Gritzbach naquela sexta-feira uma prova, segundo ele, da inocência dos PMs.
"Eu trabalhei com o Vinícius, a gente virou amigo, a gente ficou muito próximo e eu jamais trabalharia para quem estivesse envolvido na morte dele. Jamais trabalharíamos para quem estivesse envolvido na morte do Vinícius. Então, se a gente está aqui, é porque a gente acredita neles", afirmou o defensor.
Sobre a situação dos PMs, Flauzino disse que não existe nenhuma prova contra eles, embora esteja ocorrendo uma condenação pública do grupo. Isso é fruto, segundo ele, de uma tentativa de o governo paulista em dar uma resposta para o crime, mesmo que isso implique acusar sem provas.
"O fato de ter quebrado o veículo, que inclusive foi para o DHPP [homicídios] de guincho, não tem nada que ligue eles [a crime]. O que eles erraram? Entre você ter cometido uma falha, e ter participado da morte do cara, facilitado a morte do cara, ou ter mandado matar o cara, é bem diferente", disse.
Conforme relato dos agentes à Polícia Civil, a maior parte dos integrantes da escolta não conseguiu seguir até a área de desembarque o aeroporto para esperar o empresário, porque um dos veículos usados por eles, uma Amarok blindada, acabou apresentando problemas na ignição e, por isso, ficaram em posto de combustível.
Apenas um único PM, em um segundo carro, seguiu até lá, mas não a tempo de conseguir evitar a morte ou participar de confronto com os assassinos.
O advogado afirma perceber uma clara tentativa de prejudicar a imagem de Vinícius diante da opinião pública e, com isso, manchar por tabela a imagem dos PMs envolvidos para "acabar com os policiais".
"Eles não devem nada, não temem nada. É por esse motivo que a gente está colaborando com a Justiça, a gente autorizou a quebra de sigilo dos telefones deles, a extração de dados. Quem não deve não teme. Eles não têm nada a ver com essa história", disse.
Conforme a Folha de S.Paulo mostrou, pessoas ligadas à investigação do assassinato do delator afirmam ver os PMs como "muito ligados ao crime" e aumenta expectativa para um pedido de prisão para eles.
Flauzino afirma que, ao apontar os policiais como culpados, o estado também busca a isentar-se das responsabilidades pela morte de Gritzbach.
"O Estado tem que julgar a culpa em alguém. O Estado queria informação, queria o trabalho pronto, mas não queria trabalho de cuidar dele. Se o Estado não teve a capacidade de promover segurança a uma pessoa, imagina para toda a população", afirmou ele.
Sobre quem ele acredita que tenha sido o responsável pela morte do ex-cliente, o advogado afirma que, neste momento, é impossível apontar alguém. Ele descarta, porém, que tenha havido ordem integrantes da cúpula do PCC, que, segundo ele, não havia decretado a morte do empresário como vem sendo dito.
"Se o Vinícius tivesse sido decretado, já tinha morrido faz tempo", diz. "Mas, por mais que não estivesse decretado pelo PCC, ele tinha que tomar certo cuidado. A alta cúpula não decretou ele, mas tinham pessoas aqui embaixo [da facção] que, para ganhar nome, poderia fazer uma besteira", disse trecho.
Flauzino também nega que o ex-cliente tenha desviado dinheiro do PCC, como também é afirmado por policiais, mas admite que ele lavou dinheiro para criminosos, como o próprio acabou delatando.
"Isso é fofoca de bar isso daí [desviar dinheiro da facção]. O Vinícius vendia e comprava imóveis, com isso, o crime viu que ele era um ótimo corretor, viu ali um jeito de lavar dinheiro, disse. "Ele próprio falou que era um morto-vivo, que precisaria de segurança. O Estado falhou com ele."
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