As vendas de veículos novos no Brasil caíram 20% em 2016, para 2,05 milhões de unidades, entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, apontam números preliminares do setor automotivo. Trata-se do menor volume desde 2006 e da quarta retração anual seguida.
No segmento de automóveis e comerciais leves, que representa a maior fatia do mercado, os emplacamentos atingiram 1,98 milhão de unidades, recuo de 19,7% na comparação com o resultado do ano anterior.
Só em dezembro, foram vendidos 199,2 mil veículos leves, queda de 9,7% ante o resultado de igual mês de 2015, mas crescimento de 14,8% em relação ao volume de novembro.
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Os números oficiais do ano passado serão divulgados nesta quarta-feira, 4, pela Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
Para este ano, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) prevê crescimento de um dígito em relação ao volume de 2016. Os volumes previstos para o ano serão revelados amanhã pela entidade.
Barreiras
Enquanto as montadoras apostam na queda dos juros e no aumento da confiança do consumidor para melhorar as vendas, analistas do setor ponderam que o prolongamento da crise política e a ausência de reação na economia serão barreiras à demanda e farão com que a recuperação do mercado seja mais lenta do que esperam as empresas.
O presidente da Anfavea, Antonio Megale, reconhece que a instabilidade política tem atrasado a adoção de medidas voltadas para a recuperação da economia. "O que pode acontecer é a instabilidade política reduzir o ritmo de expansão", afirmou o executivo, que espera que o segundo semestre será melhor que o primeiro.
O nível de confiança do consumidor, visto como termômetro para o setor, deixou de melhorar. Esta foi uma das razões que levaram o economista João Morais, da consultoria Tendências, a revisar para baixo sua previsão para a venda de veículos em 2017. Antes, ele estimava alta de 9%, mas agora aposta em 4,8%.
"Ocorre que o cenário imaginado para depois do impeachment não vem se concretizando. Esperávamos que a política voltasse a funcionar e o que estamos vendo é o agravamento da situação em relação ao início do governo Temer", avaliou o economista.
Fernando Trujillo, da consultoria IHS, espera queda de 2% nas vendas em 2017. "Nenhum dos indicadores nos quais nos baseamos está melhorando: o desemprego continua em queda e a confiança, que vinha subindo por causa do oba-oba na política, tende a ficar estável novamente, ou até cair, caso haja um agravamento no cenário político", disse. "E não há retomada no crédito, mesmo com os juros e a inadimplência caindo, os bancos seguem restringindo bastante o crédito." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.