Pesquisar

ANUNCIE

Sua marca no Bonde

Canais

Serviços

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Fina camada de gelo

Com sensação de -1,1°C, Londrina tem dia mais frio do ano com geada em vários pontos

Jéssica Sabbadini e Fernando Buchhorn Jr. - Redação Bonde
25 jun 2025 às 10:15

Compartilhar notícia

Foto: Sérgio Ranalli
siga o Bonde no Google News!
Publicidade
Publicidade

As avaliações preliminares de produtores rurais de Londrina e de todo Norte do Paraná indicam que o frio intenso desta quarta-feira provocaram grandes perdas em diferentes culturas cultivadas na região. Ainda não há um levantamento conclusivo dos órgãos oficiais do Estado e de Cooperativas, mas as imagens de geada cobrindo plantações mostram que o estrago não deve ser pequeno. Os campos de Londrina amanheceram encobertos por uma fina camada de gelo nesta quarta-feira (25), que transformou a paisagem em diversos pontos da cidade: do verde para o branco da geada. De acordo com o Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná), a mínima atingiu a marca de 0,9°C entre 6h e às 7h na cidade, sendo que a sensação térmica foi -1,1°C.  


Com o clima favorável, o IDR-PR (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná) confirmou a formação de geada em todo o estado nesta quarta-feira. Nas regiões Centro-sul, Sul e Campos Gerais, as geadas foram consideradas fortes; nas demais áreas, incluindo a região Norte, o fenômeno foi moderado. Agrometeorologista do IDR-PR, Angela Costa explica que Londrina, assim como o restante do Paraná, amanheceu com as características ideais para a formação das geadas: temperaturas baixas, ausência de vento e baixa nebulosidade, sendo este último ponto o que permite que a superfície perca calor para a atmosfera pela falta de nuvens, contribuindo para uma queda mais acentuada nas temperaturas. “As nuvens servem como um cobertor para a nossa superfície”, aponta.

Cadastre-se em nossa newsletter

Publicidade
Publicidade


Grandes lavouras

Leia mais:

Imagem de destaque
FAMÍLIA VAI RECORRER

Justiça nega indenização a pai de José Aranda Neto, morto pela PM em 2022

Imagem de destaque
MERCADO DO LUXO

Imóveis de alto padrão se consolidam como ativos de valorização e preservação de patrimônio

Imagem de destaque
SALÁRIOS DE ATÉ R$ 10,6 mil

Unicentro abre processo seletivo para professores colaboradores

Imagem de destaque
NARRATIVAS DE IMPACTO

Londrina terá curso gratuito de formação em operação de câmera para o audiovisual


Publicidade

As baixas temperaturas registradas na madrugada desta quarta-feira (25), indicam que produtores de milho e trigo podem ter sofrido perdas em suas lavouras. A avaliação é da Cocamar Cooperativa Agroindustrial, que possui uma rede de estações meteorológicas instaladas em municípios das regiões noroeste e norte do estado. Em vários deles, as temperaturas registradas foram próximas de zero grau ou negativas.


Publicidade

A medição da Cocamar registrou zero grau em Sertanópolis, Tamarana, Doutor Camargo, Apucarana, Sabáudia, Iporã e Primeiro de Maio. Abaixo de zero, em propriedades próximas a Maringá (-1,4), Ivatuba (-1,9), Floresta (-1,0), Cambé (-1,8), Serrinha, Distrito de Londrina (-1,0), e Nova Esperança (0,2).


Publicidade

O agricultor Adão de Pauli, proprietário de terras próximas ao Distrito de Lerroville, em Londrina, foi surpreendido pelas baixas temperaturas na região. Em entrevista à Folha na sexta-feira (20), o agricultor afirmou que as expectativas para o inverno eram boas e que não se falava em geadas entre a categoria. “As lavouras de trigo e milho estão muito bonitas. Tem frio, mas nada que chegue a queimar” disse Pauli na ocasião. 


Publicidade

Nesta quarta-feira (25), Pauli afirmou que a geada da madrugada vai gerar bastante perda na segunda safra de milho (milho safrinha). “Já até acionamos o seguro. As perdas vão ser grandes. Daqui a sete ou dez dias nós vamos avaliar, mas não vai ser coisa pouca não”, comentou. 


Publicidade

Procuradas, as assessorias da Seab (Secretaria da Agricultura e do Abastecimento) e da Integrada Cooperativa Agroindustrial informaram que ainda não é possível quantificar, de forma mais precisa, as possíveis perdas, pois o levantamento demanda alguns dias. A Cocamar Cooperativa Agroindustrial estima que, pelo menos, 30% das lavouras de milho cultivadas nas regiões da rede noroeste e norte ainda estavam em uma fase de maturação mais vulnerável.


Divulgação/Cocamar


Publicidade

O 'ponto de pamonha'


A fase mais vulnerável do milho é chamada popularmente de “ponto de pamonha”. Embora seja o ponto ideal para as tradicionais receitas que tem o cereal como base, neste estádio de desenvolvimento a cultura sofre mais com as baixas temperaturas. 


A agrônoma Gabriella Monteiro Verteiro explica que nessa fase, o estádio R4, o amido presente nos grãos está mais pastoso. Com a geada, há um congelamento das células das folhas. Isso causa a queima e prejudica os processos de fotossíntese da planta, afetando seu desenvolvimento. 


A agrônoma explica que a lógica é a mesma para outras culturas, como o café, que tem histórico de grandes perdas no norte do Paraná. “Vai atrapalhar no desenvolvimento da planta, no crescimento, no número de espigas, no crescimento das espigas e, consequentemente, no rendimento. Quanto menos a planta se desenvolve, menos o produtor vai colher e menos ele vai ganhar”, frisa Verteiro. 


O trigo não estava 'espigando'


O agricultor Mylton Casaroli Neto, 43, proprietário de terras na região do Distrito de São Luiz, em Londrina, planta 120 alqueires de grãos ao longo de todo o ano. Em 2025, optou pela cultura do trigo em 50 alq. de lavoura comercial. O restante foi destinado a plantio de cobertura. O produtor escolheu o trigo em razão da expectativa de frio um pouco mais intenso em relação a 2024.


“O trigo acaba sendo uma cultura mais segura no que tange ao clima. Já faz alguns anos que eu não planto milho. Devo plantar no inverno do ano que vem, mas nesse ano intercalei o trigo com cultura de cobertura”, explica o agricultor. 


Neto ainda vai avaliar a lavoura após a geada desta quarta-feira (25), mas acredita que não haverá perdas em razão da fase de desenvolvimento em que está a cultura. “O trigo nosso ainda estava muito recente. Não estava ‘espigando’ ainda. O frio é até bom, na verdade, para estressar a planta. Em estresse ela tende a se desenvolver bem”. 


Além da tolerância ao frio, o planejamento do produtor é de longo prazo e já visa o verão. Segundo Neto, a cultura do trigo permite uma área de plantio mais limpa após a colheita e a adubação é mais bem aproveitada na soja durante o verão, o que o faz escolher o cereal pensando nas próximas estações.


Foto: Sérgio Ranalli


Perdas nas hortaliças


As hortaliças, as frutas e as plantações de café com menos de dois anos são as culturas mais impactadas pelas geadas. Esse é o caso do produtor rural Eliel dos Santos Silva, 54, que tem uma propriedade de sete hectares no Patrimônio Selva, na zona sul de Londrina.


Com mais de 20 variedades de hortaliças, o agricultor estima um prejuízo de mais de R$ 60 mil por conta da geada, que queimou os pés de alface, couve e repolho prontos para colheita e venda. A geada, segundo ele, ‘cozinhou’ as verduras, o que impacta na qualidade do produto que chega à mesa da população. “Foi uma geada congelante”, lamenta, citando que os insumos estão com preços elevados, o que encarece a produção e, consequentemente, aumenta ainda mais o prejuízo.  


Ele explica que aplicou  alguns produtos que ajudam a evitar a cristalização da água nas hortaliças, mas garante que isso ajuda apenas a minimizar, já que a geada foi muito intensa. Na propriedade, ele detalha que a temperatura chegou a -1°C durante a madrugada. “A gente não esperava essa geada”, explica. 


As hortaliças mais afetadas são aqueles já em ponto de colheita, que ficam danificadas após o congelamento; no caso das menores, ainda é possível salvar parte da produção com a utilização de fertilizantes, como o cálcio. Segundo ele, por conta da qualidade inferior, a colheita em muitas das vezes acaba sendo inviável. 


Foto: Sérgio Ranalli


Reflexos  no bolso do consumidor


Como resultado, a quantidade de hortaliças disponíveis no mercado tende a cair, o que encarece os preços e afeta o bolso dos consumidores. Silva diz acreditar que culturas como a da abobrinha, chuchu, tomate, pepino e quiabo, assim como as verduras, podem ter um aumento entre 50% e 100% já a partir de sexta-feira (27). “A geada pegou muitos produtores de surpresa. Foi uma geada que congelou tudo”, reforça.


À reportagem, o Ceasa (Centro de Abastecimento do Paraná) de Londrina confirmou que o preço deve começar entre sexta-feira e a semana que vem. Questionada, a Seab (Secretaria da Abastecimento e do Agricultura do Paraná) disse que ainda é cedo para fazer uma avaliação do impacto no preço dos alimentos, já que os técnicos do Deral (Departamento de Economia Rural) precisam percorrer as regiões do estado para mensurar os prejuízos. 


Na propriedade de João Kaduta, 42, localizada no Vale Água dos Cágados, em Sertanópolis, a geada também afetou a produção de hortaliças e legumes. Segundo ele, a estimativa inicial é de que tenha perdido pelo menos 80% de toda a plantação, o que deve impactar em 70% a renda da família. 

Na propriedade de quatro hectares, ele cultiva diversos tipos de alface e chicória, além de legumes como berinjela, vagem e abobrinha.


“Quando eu acordei, a plantação estava coberta pela geada”, aponta, citando que a intensidade foi de moderada para forte. “Elas necrosam e depois o pé morre, não tem como salvar”, lamenta. Na propriedade dele, toda a plantação fica em campo aberto, então é difícil prevenir os impactos. “Como hoje em dia o material está muito caro, como a lona ou TNT, fica inviável porque encarece muito a produção, o que acaba não compensando”, explica. Ao utilizar o semeio direto como modelo produtivo, ele garante que vai precisar de cerca de dois meses para começar a colher as hortaliças e os legumes novamente.


(Atualizada às 18h50)

Leia 

Imagem
Londrina deve entrar em rota de turismo religioso com peregrinação até Bandeirantes
Londrina será o ponto de partida de um ambicioso projeto de turismo religioso fomentado pelo estado do Paraná e por diversos municípios da região Norte do estado.
Publicidade

Últimas notícias

Publicidade
LONDRINA Previsão do Tempo

Portais

Anuncie

Outras empresas