A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) de elevar em 0,25 ponto percentual a taxa básica de juros (Selic), na última quarta-feira (18), é acompanhada com apreensão pelo setor produtivo paranaense. O aumento de 10,5% para 10,75% ao ano ainda não deve ter um grande impacto na economia do Estado, mas há uma expectativa em relação à próxima reunião do colegiado, em novembro.
Uma nova alta de juros na reta final de 2024 poderia desestimular o consumo em um período do ano bastante favorável para as atividades da indústria, do comércio e de serviços.
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O Copom justificou o aumento com o cenário econômico. Um dos efeitos da aceleração da economia é a alta inflacionária e uma forma de controlar os preços é por meio de uma política de juros contracionista.
Além da projeção de alta da inflação, o comitê citou a resiliência da economia brasileira, as pressões do mercado de trabalho, as expectativas distantes da meta perseguida e o hiato do produto positivo, um indicativo de que a atividade opera acima do seu potencial.
Mas se por um lado a medida consegue conter a alta de preços, ela também eleva os custos de produção e os juros maiores demandam um maior planejamento. Nos investimentos do agronegócio, calculados a longo prazo, a decisão do Copom exigirá dos produtores rurais uma revisão das planilhas de custos.
Os agricultores se preparam para o plantio da nova safra, com a compra de insumos e a contração de financiamentos. Com a alta da taxa Selic, além de o dinheiro ficar mais caro, há a possibilidade de queda na oferta das linhas de crédito.
A saída para muitos produtores, disse o presidente da SRP (Sociedade Rural do Paraná), Marcelo Janene El-Kadre, é buscar alternativas para tentar contornar a alta da Selic.
"O produtor não vai parar de plantar. Ele arruma outras maneiras de financiar o investimento, com empresas de sementes, com as cooperativas, que estão muito fortes em relação a isso. Existem maneiras de contornar. Claro que o custo aumenta, mas o produtor não pode parar de trabalhar."
Embora reconheça que os juros mais baixos favorecem a organização das empresas, o presidente da Faciap (Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná), Fernando Moraes, disse compreender o posicionamento do Banco Central neste momento. Porém, revela apreensão em relação aos resultados das próximas reuniões do Copom. O receio do setor é que em novembro, o comitê volte a avaliar que o cenário econômico requer uma nova alta dos juros.
“A gente entende que existe uma tendência de inflação. O próprio governo federal vem gastando muito, põe muito dinheiro na praça e acaba aumentando o consumo. O endividamento das famílias brasileiras está crescendo, o que pode levar à inadimplência. Mas a preocupação é se (a Selic) vai voltar a subir nas próximas reuniões.”
Em um momento em que as questões climáticas têm provocado secas muito prolongadas no Estado, com impacto negativo em alguns custos, como com energia, por exemplo, uma nova elevação nos juros poderia prejudicar ainda mais os planos de crescimento da produção.
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