Anúncios de consórcios que prometem a entrega do bem no primeiro mês de pagamento ou oferta de dinheiro fácil, mesmo para quem tem restrições de crédito, são verdadeiras arapucas. O alerta é do Banco Central (BC) que recebe diariamente dezenas de telefonemas de pessoas lesadas que não têm a quem recorrer. As quadrilhas que lideram esse tipo de golpe se escondem atrás de mecanismos simples como celulares pré-pagos, que não deixam vestígios, ou aplicam o conto de um estado para o outro, impedindo a ação da polícia.
Entre as situações mais comuns, o BC chama a atenção para facilidades oferecidas por grupos de consórcios. Em apenas um dia, o analista do BC, Mario Alfredo Silva Neto, chegou a contar 11 anúncios de golpe nos jornais. O banco chegou a impedir a constituição de novos grupos do consórcio Milauto, de Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul, que aplicava golpes em Londrina, Maringá e Cascavel. O alvo da Milauto era principalmente motoristas de caminhão, que têm como sonho renovar ou comprar um caminhão próprio novo.
Na operação, os vendedores garantem a troca do bem no primeiro mês de pagamento do consórcio, desde que o cliente assine uma declaração que está consciente que a retirada de veículos pode ser feita apenas por lance ou sorteio. Mas para seduzir o cliente, eles garantem a entrega do bem no início do plano e cobram por isso até R$ 6 mil no caso de um caminhão.
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Na maioria das vezes, essa prática impede a fiscalização do BC. No caso da Milauto, a empresa atribuiu o problema aos vendedores e não assumem o golpe. Outro caso, ainda mais dramático, que está preocupando o BC é a oferta de dinheiro fácil em anúncios de jornais, mesmo para quem tenha restrições de crédito. Os contatos nesse tipo de golpe são sempre os celulares pré-pagos. Quanto o telefone é fixo, o atendimento é feito através de secretária eletrônica, que é um filtro grande para atrair os incautos.
Toda a operação se reveste de seriedade para seduzir o cliente. A oferta de dinheiro, na maioria das vezes, parte de São Paulo e é anunciada em outros estados. Após o primeiro contato, o golpista pede que envie as características da documentaçao como CIC, carteira de identidade, endereço, etc.
Em seguida o contato pede para depositar numa conta corrente em outro estado; a taxa de cadastro que varia de 5% a 10% sobre o valor emprestado. A triangulação entre os estados é proposital para dificultar o trabalho da polícia, que perde competência para investigar em outro estado. Cada operação chega a render entre R$ 300,00 e R$ 400,00, e geralmente os mais pobres é que caem nesse tipo de golpe, lamenta Silva Neto.