Economia

Bolsonaro assina medida que autoriza Tesouro a bancar contas de luz da baixa renda

09 abr 2020 às 11:06

O presidente Jair Bolsonaro editou duas medidas provisórias nesta quarta-feira (8) autorizando o Tesouro a liberar R$ 900 milhões para que o governo possa bancar as contas de luz de cerca de 9,4 milhões de famílias carentes pelos próximos três meses. Mais da metade vive no Nordeste.

Uma das MPs modificou a legislação que instituiu o programa Tarifa Social, que concede descontos de até R$ 200 na tarifa de energia para as famílias que consomem por mês até 200 Kwh. Com a mudança, elas agora ficam isentas do pagamento.


A outra medida provisória somente autorizou a transferência de R$ 900 milhões para o Orçamento do Ministério de Minas e Energia. O recurso saiu carimbado e será destinado à CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), uma espécie de fundo abastecido por todos os consumidores do país e que compensa subsídios concedidos por lei aos beneficiários do Bolsa Família e do Cadastro Único.


A ação faz parte do programa de ajuda aos atingidos pelo coronavírus, que obrigou as famílias a permanecerem em isolamento.


Bolsonaro ainda deve baixar um decreto regulamentando os detalhes dessa iniciativa nos próximos dias.


Embora tenha liberado R$ 900 milhões, o custo estimado dessa medida é de até R$ 1,2 bilhão ao longo dos três meses. Segundo assessores do governo que participam das discussões, a diferença deve sair de sobras de fundos setoriais, como a própria CDE e o Luz Para Todos.


Ou seja: os demais consumidores não pagarão a mais em suas contas para que os mais pobres sejam beneficiados.


A medida também deu um fôlego às distribuidoras, que estão preocupadas com o aumento da inadimplência, especialmente nessa fase de isolamento.


As empresas não teriam sequer como cortar o fornecimento de energia, porque, por uma determinação da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), ficaram proibidas de fazê-lo no período da pandemia.


Na terça-feira (7), as empresas do setor ganharam outro reforço da agência, que decidiu liberar até R$ 2,2 bilhões do saldo de um fundo de reserva de encargos para cobrir perdas de geradoras, transmissoras e distribuidoras.


Havia dúvidas se as empresas poderiam utilizar esse recurso para fazer caixa, mas os técnicos da Aneel deram sinal verde para o livre uso do dinheiro.


A maior parte (R$ 1,47 bilhão) será direcionada para as distribuidoras.

Uma das MPs também liberou a Aneel para autorizar a CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica) a efetuar novos repasses ao setor ao longo do ano se for necessário e houver saldo.


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