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Bracatinga perde espaço como lenha

Carmem Murara - Folha do Paraná
16 fev 2001 às 10:42

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A utilização de lenha da bracatinga como fonte de energia está praticamente com seus dias contados. O uso pelas indústrias entrou em franco processo de declínio em todo o Estado, principalmente na Região Metropolitana de Curitiba. Os produtores reduziram a velocidade de plantio das árvores e, nos últimos anos, começaram a buscar uma nova forma de utilizar esta árvore nativa. Eles descobriram que a bracatinga tem sido utilizada na confecção de móveis por algumas indústrias do Rio Grande do Sul.

No final de dezembro foram feitos os primeiros cortes de árvores de bracatinga para a Toigo Indústria de Móveis. A fábrica gaúcha está exportando móveis feitos com bracatinga, até então considerada madeira imprória para este fim. "É uma opção que começa a surgir e pode ser uma alternativa que substitui o uso da bracatinga como fonte de energia", afirmou ontem o engenheiro florestal da Emater em Fazenda Rio Grande, Paulo Augusto de Andrade Lima.

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Mas o uso como madeira para o setor moveleiro ainda é incipiente. Pinus e eucalipto dominam o mercado. Os produtores que plantaram bracatinga estão preferindo mesmo transformar as matas em áreas de plantação e até loteamento (ver box). A maioria faz a opção pela fruticultura e pela criação de animais. "Não vale mais a pena plantar bracatinga e vender como fonte de energia. Ninguém mais compra", afirma o extensionista da Emater, em Almirante Tamandaré, Pedro Martin Kokuszka.

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A estimativa feita pela Emater é de que a demanda pela lenha como fonte de energia teve uma queda de pelo menos 40% nos últimos anos em toda a região. As indústrias de calcário e as olarias transformaram seus sistemas de produção. Ao invés de queimarem lenha, fazem a combustão de serragem, que é o produto que sobra do beneficiamento de madeiras usadas para a empresa. O Sindicato da Indústria de Cal e Calcário informou que a serragem é mais rentável e barata, por isso houve a modificação dos fornos.


Sem ter para quem vender, a bracatinga foi perdendo preço no mercado. Paulo Augusto Lima disse que o preço do estério (pilha de lenha com um metro cúbico) variava de R$ 5,00 a R$ 8,00, no final do ano passado. O produtor Eugênio Zanini não tem conseguido valor acima de R$ 4,00. Ele lembra que há 10 anos, um metro cúbico de lenha custava o equivalente a um botijão de gás. Hoje o botijão não sai por menos de R$ 16,00, ou seja, quatro vezes mais.

A estimativa na Emater é de que haja em torno de 1 milhão de metros cúbicos de bracatinga na Região Metropolitana de Curitiba, 600 mil a menos em relação há 10 anos. São cerca de 4 mil produtores que têm 60 mil hectares plantados com a árvore, o que daria um valor potencial da mata de R$ 54 milhões. O mercado de lenha chega a movimentar hoje em torno de R$ 7,5 milhões.


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