Saiu na Forbes, a revista estadunidense dos negócios: as fintechs são o futuro do mercado bancário. Uma pesquisa publicada recentemente pelo periódico mostrou que os três melhores bancos brasileiros não são os grandes players, como Bradesco e Itaú, mas instituições como o Nubank, o Banco Inter e o Neon.
Para Alexandre Riccio de Oliveira, vice-presidente do Inter, três fatores ajudam a explicar a ascensão da nova modalidade: a gratuidade nos serviços e produtos, a digitalização dos sistemas e do atendimento e as soluções mais práticas. "O movimento digital trouxe a praticidade que os clientes raramente tinham nas instituições tradicionais, bem como custos mais baixos tanto para as fintechs como para os usuários dessas iniciativas".
"Já o portfólio completo permite maior competitividade no sistema, onde os consumidores deixam de enxergar nossas soluções como alternativas e começam a usá-las como a principal opção", completa.
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Analistas afirmam que há outro elemento em jogo que favorece as fintechs: os lucros dos grandes bancos. Em um dos trimestres de 2018, por exemplo, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander movimentaram R$ 29,5 bilhões em receitas oriundas de taxas e serviços cobrados dos seus clientes. Em 2017, em um mesmo período, o volume de dinheiro arrecadado foi de R$ 27,7 bilhões ー 6,2% a menos. Só em um leilão Bradesco, a instituição lucra na casa dos milhares.
O Inter tomou a dianteira das fintechs pela sua presença na publicidade e pela renovação dos acessos e dos serviços aos clientes: no começo deste ano, o banco tinha uma carteira de 1,452 milhão de clientes e cerca de 155 mil contas abertas todos os meses.
"Apesar da tentativa de digitalização, os bancos ainda são muito tradicionais. O Brasil é muito burocrático e grande parte dos serviços e produtos oferecidos pelas grandes instituições ainda têm muitas restrições", afirma o CEO da Jeitto, Adriano Duarte.
"Existem desafios, principalmente do custo e da facilidade de capital. Mas é importante lembrar que se continuarmos avançando nesse ritmo, teremos resultados muitos positivos de competição e descentralização bancária entre três e cinco anos. Ainda estamos em uma curva de aprendizado e de adequação. Mas o Brasil é um celeiro de oportunidades e a tendência é que isso se intensifique cada vez mais", complementa ele.
Os resultados das fintechs ainda são iniciais porque o ano passado marcou o período de regulamentação das atividades delas no mercado brasileiro. Em abril de 2018, o Conselho Monetário Nacional (CMN) estabeleceu dois modelos para as fintechs operarem: a sociedade de crédito direto (SCD) e a sociedade de empréstimo entre pessoas (SEP). No primeiro sistema, as empresas emprestam recursos próprios por meio de plataforma eletrônica.
No segundo, empresas ou pessoas físicas entram numa plataforma para emprestarem dinheiro a outras pessoas, modalidade chamada de peer-to-peer lending. O CMN permitiu que as fintechs façam análise de crédito, cobrança, representação de seguros e emissão de moeda eletrônica.
As resoluções abriram caminho para as fintechs atuarem sem estarem vinculadas a uma instituição financeira convencional. Segundo dados do Banco Central, quatro fintechs pediram autorização de funcionamento na modalidade SEP no mês passado e estão esperando a análise do BC. Já na modalidade SCD, foram feitos 14 pedidos de autorização.
A primeira a conseguir foi a QI Tech, no final de 2018. Segundo a sócia-diretora da fintech, Beatriz Degani, em três meses de funcionamento, a empresa já movimentou R$ 15 milhões, com expectativa de chegar a R$ 100 milhões, neste ano. A fintech presta serviços até então exclusivos dos grandes bancos para atender a todos clientes que trabalham com concessões de empréstimos, entre eles outras fintechs que não têm o selo SCD.
"Vamos poupar as fintechs ー que já originam dívidas, mas também querem estruturar esse crédito ー de precisarem correr atrás da autorização do Banco Central para operar como uma Sociedade de Crédito Direto", finalizou.