Se na economia financeira nacional o clima é de pessimismo para o segundo semestre, na chamada economia real há apreensão, mas sem grandes sustos. As previsões para o segundo semestre são de uma retração da atividade econômica, que não deve chegar a recessão. Pequena variação no volume de desempregados e repique da inflação por conta da crise energética. No caso da inflação, o que pressionará no segundo semestre é o reajuste das tarifas públicas como de telefonia, combustíveis e energia elétrica. Já os analistas financeiros apostam em juros altos e queda no ingresso de capitais no País.
"Haverá uma situação negativa na economia real, mas nada catastrófico, como estão prevendo os especialistas do mercado financeiro", diz Cid Cordeiro, economista do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese). No caso da economia paranaense, os efeitos dos cenários pessimistas do segundo semestre são mais difíceis de serem antecipados. "A economia local não tem uma dinâmica própria, depende do quadro nacional, mas os efeitos da crise variam de região para região, de acordo com as características próprias", explica.
No caso paranaense, a economia está baseada principalmente na produção de produtos primários e indústria de alimentos. Como a crise energética deve atingir principalmente setores da economia industrial urbana e terciário, os efeitos locais tendem a ser menores. "O ano passado não foi bom para a indústria de alimentação e o Paraná se ressentiu disso, para 2001 ainda é cedo para previsões neste setor." A economia real nacional deve apresentar uma queda do Produto Interno Bruto (PIB) de 4,5% para 3%. O Paraná, que vinha apresentando crescimentos de PIB acima da média nacional, não deve ficar abaixo dos números nacionais.
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No setor comercial também há indefinições. Para o vice-presidente de Serviços da Associação Comercial do Paraná (ACP), Elcio Ribeiro, existe uma preocupação dos lojistas mas ainda é cedo para prognósticos negativos. "Se houver uma queda na atividade do parque industrial de São Paulo, que é o maior do País, pode haver falta de mercadorias, mas ainda não existe sinalização neste sentido."
O vice-presidente da ACP também não acredita em um avanço dos índices de inadimplência no comércio em função de um possível aumento do desemprego. "Os lojistas e o sistema bancário deverão ter um cuidado maior com o crédito, mas é nos momentos de crise que as pessoas mais precisam de crédito e preservam o nome limpo na praça."
Ontem, a Folha publicou os resultados de uma pesquisa feita pela iG Finance com especialistas em mercado financeiro. Eles estão apostando em um semestre recessivo para o mercado de capitais do Brasil. As estimativas iniciais de ingresso de cerca de R$ 24 bilhões no País este ano já foram reformuladas para cerca de R$ 18 bilhões.