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Cuidado!

Em vez de ajudar, voucher de desconto pode gerar mais dívida

Dante Ferrasoli - Folhapress
05 mai 2020 às 09:42
- Tomaz Silva/Agência Brasil
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Muitos negócios que tiveram de fechar as portas ou funcionar de maneira restrita durante a quarentena encontraram nos vouchers de desconto uma saída para a crise. Especialistas dizem que a prática é válida neste momento de exceção, mas que é preciso cuidado ao adotá-la.

O modelo funciona assim: o cliente compra hoje, mais barato, um produto ou serviço que só vai consumir quando a situação voltar ao normal. Na prática, o empresário pega um empréstimo com o freguês.

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"A lógica por trás disso é a de uma operação de crédito. Você compromete o resultado futuro para conseguir um dinheiro emergencial", afirma Rubens Massa, professor do centro de empreendedorismo da FGV (Fundação Getulio Vargas).

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"Se o empresário não tiver um controle muito grande, ele pode ter um acúmulo de pedidos que não vai conseguir entregar lá na frente", completa.

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Wilson Poit, superintendente do Sebrae-SP, explica que pode ser mais barato procurar uma linha de crédito para passar pelo período da pandemia. Ele lembra que há opções com juros baixos, que chegam a 0,35% ao mês –dependendo do desconto ofertado, o voucher pode sair mais caro para o empreendedor.


Ele afirma, porém, que essa é a opção mais simples para quem tem pressa. "As linhas de crédito são mais burocráticas, e há gente que não consegue a aprovação porque não tem o nome limpo."

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Para quem preferir emitir os vouchers, a recomendação é oferecê-los primeiro, aos clientes mais antigos, que tendem a aceitar descontos menores. Na hora de planejar as promoções, é importante levar em consideração a formação do custo do produto e a inflação, tomando cuidado para não dar um abatimento que leve ao prejuízo.


Dono da rede de franquias de limpeza Maria Brasileira, Felipe Buranello, 32, liberou a prática para seus 250 franqueados. Segundo ele, cerca de 15% das unidades aderiram aos vouchers. O resto preferiu outros tipos de promoção.

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"Não foi algo obrigatório, só mais uma opção para quem precisasse e achasse que daria certo", diz ele. Cerca de 500 vouchers já foram emitidos na rede.


Um dos franqueados que adotou o modelo foi Daniel Caldeira, 34, que tem quatro unidades, todas em São Paulo. "Começamos emitindo apenas para novos clientes, em 20 de abril. Atraímos cerca de 20 pessoas", afirma. O programa agora deve valer também para clientes antigos.

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Em suas lojas, o consumidor pode comprar o serviço de limpeza para utilizá-lo quando se sentir confortável para receber alguém em sua casa.


A tática do desconto tem ajudado a pagar as contas, já que as unidades tiveram queda média de 70% de faturamento entre março e abril.

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Já Adislene Araújo Pécora, 36, dona do restaurante Fazendinha, na zona sul, prefere evitar esse tipo de promoção.


"Pra mim, isso seria só segurar meu problema. Vendo os vouchers e amanhã vou ter de cozinhar tudo de uma vez. E se não tiver dinheiro para comprar os insumos? Faço outra dívida? Viraria uma bola de neve", afirma.

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Ela tinha acabado de ampliar o estabelecimento quando foi decretada a quarentena e ainda está pagando pela reforma –mais um motivo para querer passar longe de novos compromissos de pagamento futuros.


Ela, agora, está trabalhando com delivery e retirada de pedidos. Para não perder os clientes, não tem repassado a eles o aumento do preço dos alimentos no atacado.


Adislene diz que a prática tem funcionado. "Vendo mais ou menos o quanto vendia antes da crise. O ruim é que, com a ampliação, pretendia triplicar os ganhos, mas não acho justo repassar os preços agora", afirma ela, que fatura cerca de R$ 40 mil por mês.


O empresário Henry Hernandes, por sua vez, confiou nos vouchers para atingir uma meta. Após fazer contas, viu que precisaria de R$ 15 mil para pagar as contas de 40 dias do salão de beleza Henry Hernandes Coiffeur, na zona leste.


Ele ofereceu 30% de desconto para as clientes que comprassem o serviço agora para recebê-lo em até um mês após a volta às atividades.


"Peguei a moto e fui à casa de cada uma delas para passar a maquininha. Quem mora longe pôde pagar online", conta. Essa alternativa, junto com a venda de produtos capilares, já rendeu ao empresário pouco mais de R$ 16 mil.


Ele diz que preferiu fazer esse tipo de promoção em vez de ir atrás de linhas de crédito porque queria fugir da burocracia e também garantir o serviço do salão para o primeiro mês pós-pandemia.


"Há clientes que não vão ter condições de vir no começo. A crise afetou todo mundo, e ir ao salão é supérfluo, por isso não tenho medo de não dar conta de atender todo o mundo quando reabrir", diz.


O sistema de vouchers também tem funcionado para a Delinea, que fabrica e vende cortinas e persianas sob medida. A empresa fez, em dez dias, 30 vendas dessa maneira. O desconto é de 10%, e o pagamento, que antes da pandemia poderia ser dividido em duas vezes, agora pode ser feito em até quatro parcelas.


"Não é um desconto tão agressivo, mas suficiente para manter a equipe. Não posso me desfazer de ninguém para conseguir cumprir esses compromissos depois", afirma Taniceli Meira, 28, sócia.

A instalação só será feita quando o cliente se sentir confortável para receber os profissionais em casa. A companhia, que tem nove funcionários, faturou R$ 1,8 milhão no ano passado. Por causa da crise gerada pela Covid-19, a cifra deve ficar em R$ 1 milhão em 2020, segundo a sócia.


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