Permuta. Esse é o nome do negócio que movimenta o mercado imobiliário de Londrina. De acordo com o Sindicato das Empresas de Compra, Venda e Locação (Secovi), cerca de 70% dos negócios acima de R$ 50 mil realizados no setor, são à base de troca.
Segundo o presidente do Secovi, José Luiz de Assis, no caso de imóveis abaixo desse valor, as ''trocas'' também são bastante comuns, mas em porcentagem menor. ''Em valores menores as pessoas geralmente compram à vista ou se planejam para realizar um financiamento'', enfatiza Assis.
Ele destaca que, quando se trata de imóveis pequenos, as pessoas têm mais facilidade de comprar à vista ou oferecer como parte do negócio uma moto ou carro. Sobre as permutas, Assis frisa, que podem ser consideradas reflexo do momento econômico do País. A recessão da economia, segundo ele, tem provocado uma queda nos negócios do setor, como em qualquer outro investimento e a consequência se dá na dificuldade em vender os imóveis.
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''O mercado imobiliário não pode parar, por isso que as permutas têm aumentado nos últimos meses'', salienta Assis. Algumas pessoas, segundo ele, para efetivar a venda, aceitam como parte do pagamento carros, motos e até eletrodomésticos. ''São tentativas para fechar o negócio'', conclui. Nos imóveis de valores mais altos, de acordo com o imobiliarista, as pessoas colocam na transação um terreno ou um imóvel menor. ''É difícil a pessoa que faz negócio com dinheiro mesmo''.
O comerciante Vanderlan Luz de Mello optou por realizar uma permuta, na tentativa de vender uma casa no valor de R$ 80 mil. O objetivo, segundo ele, era fazer o negócio com dinheiro, mas já faz dois meses que o imóvel está à venda e até agora não apareceu um comprador. ''Aceitando troca já está difícil, imagine com dinheiro vivo'', lamenta. Ele disse que aceita ''qualquer'' negócio. ''Pode ser carro, terreno, um imóvel mais barato, eletrodoméstico, estou aceitando tudo'', brincou.
Mello comentou que trabalha construindo imóveis para venda desde 1997, mas que no último ano tem encontrado dificuldades para negociar. ''Em 1999 teve um mês que vendi quatro imóveis e recebi em dinheiro, mas agora as pessoas estão sem grana'', finaliza.
Para a economista Flávia Monarin, professora do departamento de economia da Universidade Estadual de Londrina, este tipo de negócio lembra a época do escambo, quando não havia dinheiro e as pessoas trocavam até alimentos entre si. ''Está havendo um retrocesso na economia exatamente pela falta de liquidez'', conclui.
Para evitar problemas futuros ou mesmo realizar um mau negócio, a professora lembra a necessidade do vendedor realizar previamente uma pesquisa de mercado para saber o real valor dos produtos que está entrando no negócio. ''Tem que avaliar as condições do produto que a pessoa está oferecendo, principalmente quando se trata de automóveis ou eletrodomésticos'', sugere. O objetivo principal, segundo Flávia, é não perder dinheiro no negócio.